Estou na página 180 e cada vez mais impressionada com Guimarães Rosa. Ele pincelou pequenos fragmentos da aventura de Riobaldo no início da história, e agora (lá pela página 100) ele está desbravando todos os detalhes do sertão com paciência, sem pressa ou apelações. Riobaldo é um personagem cativante, que conversa com a gente e nos apresenta com entusiasmo as pessoas que fizeram parte de sua história. Dizem que a linguagem do livro é difícil, devido aos regionalismos, os verbos pouco usados e a própria técnica de Guimarães Rosa.
Mas, quando um livro tem essa fama de difícil – seja pelo conteúdo, pela forma, etc. – tudo é muito bem explicado e compreendido lendo a própria história. Se Grande Sertão: Veredas não fosse do jeito que é, o livro não seria tão bom, não seria um clássico. Então, cada sentença tem sua gramática apurada e a linguagem “complicada” porque assim foi a vida de Riobaldo, sua história, o sertão; tudo perfeitamente exposto.
“Muita coisa importante falta nome”, outra frase que me lembra Clarice Lispector.
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Quando comecei a ler, foi numa edição de 2001 da Nova Fronteira, de capa rosa. Mas o livro era emprestado da Biblioteca Municipal, pois o meu livro foi comprado no Sebo Livronauta, então tive de esperar alguns dias para ele chegar. E o que chegou foi outra edição, de 2006, de capa vermelha e com as folhas mais finas, o que achei melhor para manusear que as folhas grossas da edição de 2005.
Eu precisaria terminar a leitura até quarta-feira, no máximo, para fazer a prova na quinta-feira à noite. Não vai dar tempo, mas não estou preocupada com isso, pois não quero fazer da leitura de um livro tão bom e importante para a literatura brasileira uma obrigação. Grande Sertão: Veredas é feito para ser saboreado, nem que isso signifique ficar com a língua cheia de areia do sertão.