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Diário de Leitura 2666 – Roberto Bolaño (7) A parte de Amalfitano

2666. Roberto Bolãno: A parte de Amalfitano

Cheguei ao fim de mais uma parte da saga 2666. A partir de agora restam mais 3 partes: de Fate, dos crimes e de Archimboldi.

Em 2666, Amalfitano é um pacato professor, eu o imagino um pouco acima do peso, cabelos pretos, lisos, pele morena, olhar cansado, ombros que revelam desânimo. Foi abandonado por uma mulher que depois retornou com AIDS, tem uma filha chamada Rosa e, por meio de uma ideia de Duchamp (artista europeu), pendurou um livro no varal para ver o que acontece – o quanto o livro aguenta naquela posição desconfortável e o quanto ele aprende com o livro de matemática que ele mal sabe como chegou até ele. O próprio Duchamp é citado em 2666, “me divertia introduzir a ideia da felicidade e da infelicidade nos ready-mades, e depois havia a chuva, o vento, as páginas voando, era uma ideia divertida”.

2666
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O que senti em 2666, A Parte de Amalfitano é que preciso aprender mais sobre história, pois Amalfitano, pesquisa em um livro antigo curiosidades sobre o povo que viveu ali antes da chegada dos Espanhóis no século XVI. Ele quer saber de onde ele pode ter herdado o que ele chama de telepatia, pois, numa noite comum, o pobre personagem começa a ouvir uma voz que, hora diz ser o seu avô, ora o seu pai. Mas ambos já estão mortos. Isso me incomodou um pouco, pois onde Bolaño quer chegar? Qual é a desse personagem? Até o momento não sei. Essas questões de conversa com os mortos foram explicadas pelo próprio personagem como uma loucura, mas não me agradou.

Ler e notar tudo em 2666

Leio com um lápis por perto, pois sempre encontro algum trecho bonito ou, o que ocorre com mais frequência, uso o canto das páginas como anotações. Porém isso aconteceu pouquíssimas vezes nessa segunda parte, e não foi por falta de atenção a leitura, foi porque realmente a parte de Amalfitano tornou-se uma incógnita. O que foi importante nessa parte? A resposta deve estar nas próximas partes. E, de encontro com a desagradável ideia de conversa com os mortos, foi a conversa de Amalfitano com a voz que grifei, uma longa conversa que percorreu quase 2 páginas do livro, naquele estilo de Bolaño que já me familiarizei: poucos parágrafos e muitos assuntos.

2666 é um livro ousado, por sua estrutura, pela história do próprio autor e também por tudo o que é apresentado no livro, personagens, enredos, os meios e os fins.

Um lindo diálogo sobre literatura

Ao final da segunda parte, há um diálogo de Amalfitano com o farmacêutico, um diálogo sobre literatura, e o farmacêutico diz que prefere ler contos a romances. E segue o pensamento de Amalfitano na página 225, que me dá a certeza que estou lendo um grande combate:

Que triste paradoxo, pensou Amalfitano. Nem mais os farmacêuticos ilustrados se atrevem a grandes obras, imperfeitas, torrenciais, as que abrem caminhos no desconhecido. Escolhem os exercícios perfeitos dos grandes mestres. Ou o que dá na mesma: querem ver os grandes mestres em sessões de treino de esgrima, mas não querem saber dos combates de verdade nos quais os grandes mestres lutam contra aquilo, esse aquilo que atemoriza a todos nós, esse aquilo que acovarda e põe na defensiva, e há sangue e ferimentos mortais e fetidez.

LEIA AS OUTRAS PARTES DO DIÁRIO DE LEITURA 2666 AQUI

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