E continuo caminhando em meio Diário de Leitura Ao Farol: O Sr. Ramsay é realmente um chato, como aqueles que agarram qualquer razão superficial como verdade absoluta. E assim, ele mantém o ódio em seu filho mais novo – uma criança assustada com o pai – e também a característica típica de um homem orgulhoso e rabugento.
Em seus devaneios (por estar de saco cheio com certas coisas) ele se põe a uma auto análise sobre o quanto ele é gênio. Conclui, claro, que não é, mas resolve quantificar a inteligência como as teclas de um piano ou as letras do alfabeto, que representam, cada uma, um nível:
Era uma mente esplêndida. Pois se o pensamento é como o teclado de um piano, dividido em umas tantas notas, ou como o alfabeto, distribuído por vinte e seis letras todas em ordem, então sua esplêndida mente não tinha nenhum tipo de dificuldade em percorrer essas letras uma por uma, firme e acuradamente, até chegar, digamos, à letra Q. Ele chegou ao Q. Eram muito poucas as pessoas em toda a Inglaterra que algum dia chegaram à letra Q. Aqui, parando por um momento ao lado do vaso de pedra que abrigava gerânios, ele viu, mas agora longe, muito longe, como crianças colhendo conchas, divinamente inocentes e ocupadas com pequenas coisas a seus pés e, de alguma forma, inteiramente indefesas contra um destino que ele percebia, a mulher e o filho, juntos à janela. Eles precisavam de sua proteção; ele lhes dava. Mas depois do Q? O que vem depois? Depois do Q há uma quantidade de letras, a última das quais é dificilmente visível para olhos mortais, tremeluzindo em vermelho ao longe. O Z é atingido apenas uma vez por um único homem em toda uma geração. Mas se ele pudesse chegar ao R seria algo. Aqui, ao menos, estava o Q. Ele empacou no Q. Do Q ele tinha certeza. O Q ele conseguia demonstrar. Se Q, então Q… R… Aqui, ele esvaziou o cachimbo, com duas ou três ressonantes batidas no chifre de carneiro de que era feita a asa do vaso e continuou. “Então R…” Ele se alertou. Ele se concentrou. (p. 31/32)
É uma grande bobagem esses métodos, porém me diverti tentando encontrar uma letra para os personagens do livro. E, claro, para a Sra. Ramsay. Eu arriscaria (usando a mesma métrica do Sr. Ramsay) a dar a nota “U”, por ela ser uma mulher que transborda e de repente se faz inteira. A letra “Z”, nota máxima, não, pois ainda há um caminho (a leitura do livro) para eu conhecer mais dessa grande dama.
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