Persépolis (Marjane Satrapi, Companhia das Letras) é uma autobiografia em quadrinhos muito bem feita. Na maioria das vezes, as autobiografias me cansam, seja pelos detalhes ou pela vida do autor, mas com Persépolis foi diferente. Marjane tem uma história de vida muito interessante, viveu em meio a Revolução Islâmica de 1979, quando o Irã se tornou um país extremamente repressivo e conservador. Viu seus entes queridos serem presos, alguns até mortos em nome de uma liberdade que não usufruíram.
Quando completou 14 anos, seus pais mandaram-na para Áustria, onde aprendeu a viver sozinha e cuidar de si mesma, enfrentando dificuldades que a fizeram sentir vergonha de si mesma por ter deixado seus valores de lado. Depois de quatro anos retornou ao Irã e descobriu um país completamente diferente, retomou sua vida, adaptando-se à nova realidade e se tornou uma nova mulher.
E depois de mais algumas aventuras e desventuras de Marjane, chego ao final do livro. Meus sentimentos em relação à leitura são fortes. O livro me fez rir, chorar, sentir raiva do Irã, raiva de Marjane, ódio de pessoas ignorantes que se tornam cegas perante a religião, ódio de pessoas que usam a religião para manipular, ódio da humanidade desumana e até ódio de mim mesma.
Já disse aqui antes, e agora repito que a leitura é um encontro. Através das personagens, nos encontramos, repletos de qualidades, defeitos, medos e frustrações, afinal, somos apenas humanos, demasiadamente humanos.
Para finalizar a postagem de hoje, faço das palavras de Érico Assis minhas palavras:
Em meio a toda tristeza da situação do Irã, a biografia de Satrapi é forte ao revelar o que é ser um civil no meio de uma revolução, de uma transformação cultural violenta e de uma guerra. Um boneco que não pode fazer nada, sujeito aos desígnios de governantes, que parecem insanos. Mas, no clima de terror e incerteza do país, Majani e sua família ainda encontram tempo para rir. São estes momentos, de humor no meio do caos (às vezes um tanto nervoso), que tornam Persépolis imperdível.
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4 Comentários
Este livro está em minha lista de “próximas leituras” há algum tempo. É aquele tipo de livro que adiamos a leitura por sabermos que é forte demais e que vai questionar inclusive nossos sentimentos e atitudes. Pela sua resenha ele te quesitonou e conseguiu influenciar você de alguma forma. Não tem leitura melhor do que estas, em que somos “atropelados” pela leitura.
Sim, Maria. Persépolis fez tudo isso e mais um pouco. Não adie a leitura, você também vai se sentir atropelada de alguma forma. É um grande livro!
Eu amo muito Persépolis. É uma das hqs mais lindas, emocionantes e inspiradoras que já pude ler. A história da Marjani é de coragem e exemplo maravilhosos. Este é um daqueles livros que é bom ter sempre ali ao lado para nos inspirar, encorajar e lembrar de pessoas que além de todas dificuldades e obstáculos, foram além. conseguiram superar e vencer nesta vida.Ótima resenha.
É realmente inspirador. Os outros livros da Marjane também são bons, vale a pena conferir. 😀