Quantas páginas você leu hoje? Quantas livros você já leu? Quantas páginas você lê por dia? Qual foi o livro com o maior número de páginas que você já leu? E quanto tempo demorou para ler? Em média, quantos livros você lê por ano? Você gosta de Paulo Coelho? Já leu Cinquenta Tons de Cinza? Mas por que você lê tanto? Você não enjoa?
As perguntas acima eu já tive de responder. A última foi sobre quantas páginas leio por dia. Respondi sem certezas: às vezes muitas, às vezes nenhuma; tem dias que leio; tem dias que não…
O que mais me intrigou não foi o fato de não haver uma resposta concreta, mas a própria pergunta, como se ler fosse um esporte, uma corrida em que é preciso melhorar o tempo e a quilometragem continuamente. Porém, a leitura não é isso. Eu não acredito.
Ler é como provar um bom vinho; devagar, sempre pressa, para degustar, sentir todos os sabores. Ler é uma arte, como pintar um quadro, como criar uma melodia, como o próprio ato de escrever. Ler não exige páginas versus tempo. Ler é saber interpretar, é saber mergulhar, é reconhecer que cada palavra, se lida novamente no próximo segundo já pode ser outra.
O frio bate na janela com seu zumbido como se ainda fosse inverno. E penso que o meu ato de ler é feito no meu particular tempo e que jamais ele se torne um troféu, um número, um objetivo, um fim, porque ler é um meio. Não o meio da caminhada, nem da estrada, é o meio de toda a vida. De como gosto de viver.