A verdade mora nos detalhes: tem gente que não gosta de longas narrações, dessas que detalham até uma simples formiga caminhando sobre uma folha presa numa grande árvore dentro de uma floresta enquanto o suposto personagem está sentado, tentando fazer fogo para aquecer a noite de inverno. Eu gosto muito, pois assim – quando o escritor é bom e sabe o que está fazendo – eu tenho uma visão panorâmica de toda a história – a verdade mora nos detalhes sim!
Em janeiro li “O Hobbit”, um livro de J.R.R. Tolkien, o cara que escreveu O Senhor dos Anéis. Neste livro ele conta as aventuras de Bilbo Bolseiro, o hobbit que presenteou Frodo com o maior presente de grego de todos os tempos: o Um Anel. Estou gostando muito da história e, principalmente, das narrações de Tolkien, leiam esse trecho e percebam a floresta, é linda:
Andavam em fila indiana. A entrada para a trilha era como uma espécie de arco que conduzia a um túnel sombrio e era formada por duas grandes árvores que se inclinavam uma em direção à outra, por demais antigas e por demais estranguladas pela hera e cobertas de liquens para poderem suportar mais do que algumas folhas enegrecidas. A própria trilha era estreita e serpenteava em meio aos troncos. Logo depois, a luz na entrada era apenas um pequeno buraco brilhando lá atrás e o silêncio era tão profundo que seus pés pareciam retumbar no chão, enquanto todas as árvores se debruçavam para escutar.
O Hobbit, J.R.R. Tolkien, tradução de Lenita M. R. Esteves, Martins Fontes, p. 137.
Portanto, o que sinto com a leitura de Tolkien é que, por mais que a história seja uma grande fantasia, eu acredito muito nela, pois essas narrações detalhadas e sem pressa trazem confiança.
Um exemplo: Francine Prose, no livro “Para ler como um Escritor” fala sobre isso, que os bons escritores “sabem que é o detalhe singular inestimável que salta da história e nos diz para relaxar.” Ou seja, relaxar no sentido de confiar, de se entregar à história. E você? Se entrega?
Eu gosto de descrições detalhadas, acho que ajuda a transportar o leitor para a atmosfera do livro. Faz com que cada um ative a sua imaginação para desenhar na mente o local onde os personagens estão. Este trecho do Hobbit é um bom exemplo, a gente sente o clima da floresta, faz tudo parecer mais real. Para mim, conta pontos a favor da trama!
Nesses pormenores, que nao deixa de ser uma forma de brincar com a linguagem, que o escritor mostra os seus recursos literários, a sua literacia.
beijos!
Eu também adoro livros minimalistas, que prestão atenção sem serem muito cansativos. Esse mês comprei a trilogia do Senhor dos Aneis( que vergonhosamente ainda não li) e o Hobbit. Estou ansiosa para iniciar a leitura e cheia de expectativas. Seu blog é lindo e já estou lhe seguindo.
Beijos!
Tb gosto de histórias que contam todos os detalhes. Esse livro parece bom, gosto do Senhor dos Anéis, vou colocar na lista rs
Concordo plenamente. A riqueza de detalhes transforma qualquer narração em algo maravilhoso de se ler. Ainda mais em um livro que se exige muito da imaginação