No dia 07 de janeiro, perdemos Neil Peart, da banda canadense Rush, considerado por muitos o melhor baterista do mundo. E quem escreve este post é alguém que concorda com esse título e que ainda não assimilou tamanha perda.
Rush entrou na minha vida por acaso, acredito que em 2007, quando vi o videoclipe de Far Cry em algum canal de música. Achei o visual do vídeo muito interessante: uma pegada dark, com um personagem meio andrógino na tela. Mas o que me agarrou e me fez querer mais foi a música em si, a letra repleta de angústia e paradoxos, e, principalmente, a bateria poderosa.
Sempre gostei de bateria, apesar de sempre me achar incompetente para tocá-la. E quando conheci o trabalho de Neil Peart atrás dos tambores e pratos, vi que realmente não é para qualquer um. E Peart não era qualquer um. Era, além de músico, um letrista incrível, um estudante ávido, um viajante apaixonado e um sobrevivente.
Foi por meio dos livros, músicas e viagens que Neil Peart superou uma tragédia familiar: em 1997, perdeu sua filha, Selena, em um acidente de trânsito e, dez meses depois, sua esposa, Jackie, que sofreu com um câncer agressivo e com a própria depressão pela perda da filha. Em luto, sozinho e se considerando aposentado do Rush, Peart pegou sua moto e se dispôs a viajar por 90 mil quilômetros sem rumo.
As estradas o trouxeram de volta à banda e à vida e nos legaram um dos livros mais bonitos que já li: Ghost Rider – A estrada da cura. Foi este livro que também me ajudou no processo de cura em um dos momentos mais difíceis da minha vida, ao lado das músicas do Rush (menção honrosa para The Pass e Bravado).
Então, falando sobre livros, uma paixão do Neil Peart, que eu gostaria de homenageá-lo por aqui, deixando a lista de livros que ele fazia questão de manter em seu site pessoal*. Algumas obras possuem resenhas feitas pelo baterista que valem a pena serem lidas.
Lista de livros do Neil Peart (ou do clube de leitura do Bubba)
O mundo se despedaça, de Chinua Achebe
The Man With the Golden Arm, de Nelson Algren
Inés da minha alma, de Isabel Allende (resenha)
Scattered Suns, de Kevin J. Anderson (resenha)
Metal Swarm, de Kevin J. Anderson (resenha)
Resurrection Inc, de Kevin J. Anderson
The Beautyful Ones Are Not Yet Born, de Ayi Kwei Armah
Deer Hunting with Jesus: Dispatches from America’s Class War, de Joe Bageant (resenha)
The Book of Ten Nights and a Night, de John Barth
Every Third Thought: A Novel in Five Seasons, de John Barth
More Die of Heartbreak, de Saul Bellow (resenha)
Henderson, o Rei da Chuva, de Saul Bellow
As aventuras de Augie March, de Saul Bellow
Humboldt’s Gift, de Saul Bellow
The Inner Circle, de T.C. Boyle
Drop City, de T.C. Boyle
Louis Riel, de Chester Brown
Bill Bruford: The Autobiography, de Bill Bruford (resenha)
Breve história de quase tudo, de Bill Bryson
A Salty Piece of Land, de Jimmy Buffett (resenha)
A arte de viajar, de Alain de Botton (resenha)
The Amazing Adventures of Kavalier & Clay, de Michael Chabon (resenha)
The Mysteries of Pittsburgh, de Michael Chabon
Manhood for Amateurs: The Pleasures and Regrets of A Husband, Father, and Son, de Michael Chabon
Telegraph Avenue, de Michael Chabon
The Republic of Nothing, de Lesley Choyce
The Antagonist, de Lynn Coady
O agente secreto, de Joseph Conrad (resenha)
Lord Jim, de Joseph Conrad
Coração das Trevas, de Joseph Conrad
Vitória, de Joseph Conrad
Eleanor Rigby, de Douglas Coupland
The Deptford Trilogy, de Robertson Davies (resenha)
Underworld, de Don DeLillo
Os irmãos sisters, de Patrick deWitt
The Old Curiosity Shop, de Charles Dickens
Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski
Os irmãos Karamazov, de Fiódor Dostoiévski
The Brothers K, de David James Duncan (resenha)
The River Why, de David James Duncan
Quarteto de Alexandria, de Lawrence Durrell (resenha)
A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan
O que é o quê, de Dave Eggers (resenha)
Uma comovente obra de espantoso talento, de Dave Eggers
You Shall Know Our Velocity, de Dave Eggers
How We Are Hungry, de Dave Eggers
Zeitoun, de Dave Eggers (resenha)
Um holograma para o rei, de Dave Eggers
Middlemarch, de George Eliot
The Mill on the Floss, de George Eliot
Enquanto agonizo, de William Faulkner
O último magnata, de F. Scott Fitzgerald
O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald
Tudo se ilumina, de Jonathan Safran Foer
Canadá, de Richard Ford
Tremor, de Jonathan Franzen
Floresta Noturna, de Charles Frazier
O condenado, de Graham Greene (resenha)
Journey Without Maps, de Graham Greene
The Lawless Roads, de Graham Greene
O cerne da questão, de Graham Greene
O poder e a glória, de Graham Greene
Our Lady of the Forest, de David Guterson (resenha)
Neve sobre os cedros, de David Guterson
Rebuilding the Indian, de Fred Haefele (resenha)
Late Nights On Air, de Elizabeth Hay (resenha)
As neves do Kilimanjaro, de Ernest Hemingway (resenha)
Ter e não ter, de Ernest Hemingway
As ilhas da corrente, de Ernest Hemingway
Green Hills of Africa, de Ernest Hemingway
Paris é uma festa, de Ernest Hemingway
O jardim do Éden, de Ernest Hemingway
Pike’s Folly, de Mike Heppner (resenha)
The Egg Code, de Mike Heppner
The Man Talking Project, de Mike Heppner (resenha)
Uma longa queda, de Nick Hornby (resenha)
Alta fidelidade, de Nick Hornby
About a Boy, de Nick Hornby
Como ser legal, de Nick Hornby
Songbook, de Nick Hornby
Febre de bola, de Nick Hornby
The Polysyllabic Spree, de Nick Hornby (resenha)
Uma longa e estranha viagem: rota dos exploradores norte-americanos, de Tony Horwitz (resenha)
Também o cisne morre, de Aldous Huxley (resenha)
Frank Lloyd Wright, de Ada Louise Huxtable (resenha)
Until I Find You, de John Irving (resenha)
A Prayer for Owen Meany, de John Irving
O mundo segundo Garp, de John Irving
As regras da casa de sidra, de John Irving
Em uma só pessoa, de John Irving
The Colony of Unrequited Dreams, de Wayne Johnston (resenha)
The Custodian of Paradise, de Wayne Johnston (resenha)
A World Elsewhere, de Wayne Johnston
Ulysses, de James Joyce
Critique of Religion and Philosophy, de Walter Kaufmann (resenha)
A Lacuna, de Barbara Kingsolver (resenha)
The Poisonwood Bible, de Barbara Kingsolver
The Bean Trees, de Barbara Kingsolver
High Tide in Tucson, de Barbara Kingsolver
Verão pródigo, de Barbara Kingsolver
Flight Behavior, de Barbara Kingsolver
O sol é para todos, de Harper Lee (resenha)
This Is Your Brain on Music: The Science of A Human Obsession, de Daniel J. Levitin (resenha)
O chamado selvagem, de Jack London
Caninos brancos, de Jack London
O lobo do mar, de Jack London
Martin Eden, de Jack London
The Way the Crow Flies, de Ann-Marie MacDonald (resenha)
De joelhos, de Ann-Marie MacDonald
Every Love Story is a Ghost Story: The Life of David Foster Wallace, de D.T. Max
Onde os velhos não têm vez, de Cormac McCarthy (resenha)
Child of God, de Cormac McCarthy
Blood Meridian, or, The Evening Redness in the West, de Cormac McCarthy
The Border Trilogy, de Cormac McCarthy
Reparação, de Ian McEwan
Long Way Round: Chasing Shadows Across the World, de Ewan McGregor
The Good Life, de Jay McInerney (resenha)
Bright Lights, Big City, de Jay McInerney
The Story of My Life, de Jay McInerney
Uncommon Carriers, de John McPhee (resenha)
Greasy Rider: Two Dudes, One Fry-oil-powered Car, and A Cross-country Search for A Greener Future, de Greg Melville (resenha)
Moby Dick, ou A Baleia, de Herman Melville
Unfinished Journey: Twenty Years Later, de Yehudi Menuhin (resenha)
Os filhos do imperador, de Claire Messud (resenha)
A Fine Balance, de Rohinton Mistry (resenha)
Atlas de nuvens, de David Mitchell
Fool, de Christopher Moore (resenha)
Lamb: The Gospel According to Biff, Christ’s Childhood Pal, de Christopher Moore
French Revolutions, de Tim Moore
Paradise, de Toni Morrison (resenha)
Fogo pálido, de Vladimir Nabokov
The Big Year, de Mark Obmascik
Going After Cacciato, de Tim O’Brien
The Things They Carried, de Tim O’Brien
In the Lake of the Woods, de Tim O’Brien
This Is Your Life, de John O’Farrell (resenha)
Na pele de um leão, de Michael Ondaatje (resenha)
There’s a Trick With a Knife I’m Learning To Do, de Michael Ondaatje
Coming Through Slaughter, de Michael Ondaatje
O paciente inglês, de Michael Ondaatje
A mesa da ralé, de Michael Ondaatje
The Motor Cycle Chums of the Northwest Patrol, de Howard Payson
Special Topics in Calamity Physics, de Marisha Pessl
The Perfect Vehicle: What It Is About Motorcycles, de Melissa Holbrook Pierson
Zen e a arte da manutenção de motocicletas: uma investigação sobre os valores, de Robert Pirsig
Pássaros amarelos, de Kevin Powers
Zen and Now: On the Trail of Robert Pirsig and the Art of Motorcycle Maintenance, de Mark Richardson (resenha)
A versão de Barney, de Mordecai Richler (resenha)
The Apprenticeship of Duddy Kravitz, de Mordecai Richler
St. Urbain’s Horseman, de Mordecai Richler
Birdwatcher: The Life of Roger Tory Peterson, de Elizabeth J. Rosenthal (resenha)
A sombra do vento, de Carlos Ruiz Zafon
Uma música constante, de Vikram Seth (resenha)
Jupiter’s Travels, de Ted Simon
So You Wanna be a Rock and Roll Star, de Jacob Slichter (resenha)
A arte de correr na chuva, de Garth Stein (resenha)
O inverno da nossa desesperança, de John Steinbeck (resenha)
As vinhas da ira, de John Steinbeck
A leste do Éden, de John Steinbeck
Steinbeck: A Life in Letters, editado por Elaine Steinbeck e Robert Wallsten
Darkness Visible: A Memoir of Madness, de William Styron
Blinding Light, de Paul Theroux (resenha)
The Tao of Travel: Enlightenments From Lives on the Road, de Paul Theroux
Uma bondade complicada, de Miriam Toews (resenha)
As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain
Rabbit, Run, de John Updike
A Good Man, de Guy Vanderhaeghe
A Supposedly Fun Thing I’ll Never Do Again, de David Foster Wallace (resenha)
The Broom of the System, de David Foster Wallace
Graça infinita, de David Foster Wallace
The Architects Are Here, de Michael Winter (resenha)
Que lista, não? Não é à toa que as letras escritas por Neil são tão ricas e transitam pela filosofia, literatura, fantasia, política e muito mais…
Descanse em paz, Professor! Que a viagem seja tranquila e bela…
Leia também: Os 100 livros favoritos de David Bowie
* A lista de Neil Peart também está disponível no site da New York Public Library.
Respostas de 2
Oi Bruna! Neil tinha uma avidez por livros, eram como alimento para ele! Logo que ingressou no Rush, seus colegas Alex e Geddy perceberam que ele lia muito e por isso acharam que ele teria potencial para escrever as letras das canções. E como tinha, não é? Sua visão de vida e sia analise do mu do, da sociedade e de relacionamentos é algo impressionante. Um legado que o mestre nos deixa, para a eternidade. Obrigado por condensar a lista aqui. Muitos títulos eu já tinha visto lá no Clube de Leitura do Bubba, mas aqui estao todos eles juntos, excelente!
Oi, Mario. Tudo bem? Muito obrigada pelo seu comentário. E, sim, a profundidade das músicas do Rush só foi possível graças a união de três grandes mentes e corações. E ao amor de Neil pela literatura, claro!