O fundo do poço e o pêndulo inominável

Impossível pensar em um nome que represente a situação de nosso país. Há alguns anos, já havia a sensação de estar no fundo do poço, como se fôssemos aquele personagem do conto O poço e o pêndulo, de Edgar Allan Poe. Ou seja: não basta o fundo do poço, há no Brasil uma lâmina afiada que vai para um lado e para o outro diariamente cortando pedaços de nós. E esse poço é tão escuro…

o fundo do poço
Ilustração de Harry Clarke (1889-1931), em 1919 para a edição do livro de Poe

O Brasil está nessa escuridão, passando pela pandemia como se fosse um carro de escola de samba totalmente desgovernado e de mau gosto. No topo desse carro há um lunático (quais outras palavras que o definem?) que comanda o samba enredo de horrores: violência, armas, mentiras, negacionismo, violências, armas, mentiras…

E nós, como ficamos? A vacinação segue a passos lentos, a CPI da Vacina denuncia o horror que já sabíamos ser possível diante do governo lunático, no entanto, continuamos chocados, atordoados, em uma constante vertigem.

E dizer governo lunático é muito pouco. Dizer governo negacionista é muito pouco. Dizer governo fascista não é o suficiente… Qual é a palavra ideal?

Tudo é tão incerto, tão confuso, tão solitário, tão vertiginoso que até esse texto fica sem final. Sei da necessidade de fechar um texto com algo forte, potente que aglutine o pouco que já escrevi por aqui, mas não há como. E isso representa a vida de hoje. Um dia por vez, um parágrafo por vez pra tentar sair desse fundo do poço com um pêndulo inominável.

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