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Eram só vazios (Ricardo Freitas): uma mistura de temas que se encaixam com intensidade

Eram só vazios é o primeiro livro de Ricardo Freitas, escritor paulistano que gosta de flertar com o gótico, com a ficção científica e o fantástico. E isso dá certo? Muito certo! Pois o autor parece deslizar a caneta sobre o papel sem medo, criando histórias atemporais, que conversam com a contemporaneidade e nos lembram de grandes nomes da literatura como o mestre Edgar Allan Poe.

eram só vazios

Lançado em 2024 pela editora 7 Letras, Eram Só Vazios oferece ao leitor 12 contos. Todos com títulos curtos e muito bem escolhidos, pois se casam com as histórias de uma forma curiosa, o que evidencia um olhar atento de Ricardo Freitas quanto à substância principal de suas histórias. Ao ler esses títulos, o leitor poderá imaginar muitas coisas e a surpresa vem justamente por não cair no lugar-comum: A Boca, Abutre, Quem ri e Almas Mortas são grandes exemplos.

Os contos de Ricardo Freitas também navegam muito bem no conceito levantado pelo próprio título do livro e, assim, vem a pergunta: que vazios são esses? Todos os contos, galgados ora no fantástico, ora no terror cumprem o papel de focalizar essa questão e trazer para o leitor justamente esse vácuo da vida e da morte, em que o vazio protagoniza as dores das personagens, suas ações e, principalmente, seus atos finais.

Os contos que mais gostei

Suspensão e Almas Mortas são excelentes exemplos de ficção científica. Suspensão é uma ficção científica muito bem desenvolvida. Ricardo pega o conceito do teletransporte e entrega para o leitor um conto repleto de reflexões sobre como o ser humano encara e vive suas dores, abordando o vazio coletivo.

Almas Mortas, o maior conto do livro, é uma ficção científica ambientada num futuro próximo. Ricardo explora o sistema prisional e sua problemática social, criticando o empreendedorismo escroto com todos os jargões do universo do marketing e o aproveitamento da ingenuidade do outro. O conto aborda o vazio coletivo da sociedade.

“Eu, Tela” e “Abutre” são contos fantásticos que refletem sobre a arte em si e sobre as obsessões dos escritores e artistas, abordando o vazio do artista e o desejo de escrever sobre o próprio vazio.

A Boca é um conto de terror que trata da violência social e da violência policial. Destaca-se pela maneira como Ricardo constrói a convergência de dois personagens em um só, através de pequenas pinceladas sutis na narração. A percepção dos pronomes até o momento em que um personagem “assume” o corpo do outro é muito bem feita, sendo um grande destaque.

“…E a morte passa de boca em boca pela cela até se condensarem numa monótona vibração no coração humano, propagada no universo desde o maldito início dessa espécie, em que não há nenhum desfecho ou sentido, mesmo perdão ou socorro, só repetição e horror.” – p. 41

Por fim, o primeiro livro de Ricardo Freitas cumpre sua função desde a escolha do título ao desenvolvimento das histórias. São contos para quem gosta de boa literatura, de sentir além das ações dos personagens. Pois as sensações veem por conta das palavras bem colocadas, em parágrafos fortes e contos potentes.

Compre o livro de Ricardo Freitas no site da editora 7 Letras ou na Amazon

Assista ao vídeo no canal Livro&Café

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