Virginia Woolf escreveu sobre furacões cotidianos – que parecem surgir do nada – se formam dentro de nós.
Clarissa Dalloway, uma das personagens mais famosas de Virginia Woolf, é um grande mistério para mim. Fiz a leitura de Mrs. Dalloway duas vezes. A primeira vez não lembro, faz mais de… (lá vou eu sugerir minha idade) oito anos, acredito. A segunda vez foi em janeiro, quando adquiri a edição da Nova Fronteira, com uma rosa na capa e tradução de Mário Quintana.
O enredo da obra
A história é muito simples: um dia na vida de uma mulher que dará uma festa. Temos Londres, a alta burguesia, vida melancólica, grandes casas, conversas que se misturam num silêncio estranho, talvez pelas ruas cinzas ou pelos personagens que aparecem como um líquido viscoso solto por um simples conta-gotas.
O grande mistério de Mrs. Dalloway é que ela aparece pouco na história, como se fosse uma protagonista sem ser. Estranho, não? Mas fica tão claro e envolvente que uma pessoa comum não precisa de acontecimentos externos fortes para entendermos que dentro dela há um furacão a explodir.
Mrs. Dalloway e o cotidiano
Virginia Woolf escreveu sobre como esses furacões cotidianos – que parecem surgir do nada – se formam dentro de nós. Clarissa está lá em sua casa, preocupada com a festa e enquanto isso Londres acontece e as personagens não passam exclusivamente por ela, passam por Londres amarrando fios, sejam por uma nuvem no céu ou por um mendigo sentado na calçada.
Hoje, pensando em Mrs. Dalloway, acredito que ela foi feita para pensarmos na vida cotidiana da maneira mais simples e não importa a conclusão, mas sim a divertida busca. Hoje, quando penso nela acredito que todos nós somos um pouco Mrs. Dalloway: às vezes estamos pensando num futuro próximo e à nossa volta há uma vida toda que pode explodir; pessoas vivendo, pessoas morrendo. Em outras situações, somos essas pessoas que vivem e morrem, enquanto alguma Mrs. Dalloway organiza uma festa ou simplesmente passa por nós deixando um suave perfume de rosas.
Respostas de 7
Olá.
Estou gostando muito do seu blogue.
Ainda bem que você abandonou a contabilidade.
A literatura está precisando muito de gente de bom gosto.
Parabéns pela decisão.
A D O R E I a sua interpretaçao da obra, tenho que ler….a Mrs. Dalloway está aqui na minha estante e à uma dama eu nao deveria fazer esperar tanto! 🙂
beijos!
Fran, eu não li o livro, mas quando vi as horas no cinema me acabei de chorar e isso é muito interessante porque no desentolar do filme não acontecem coisas tão impactantes, apenas as reflexões, a forma como a história nos faz concluir certas coisas é que emociona! Beijos.
🙂
Quando li Mrs Dalloway lhe dei pouca atenção porque li numa edição que trazia também Orlando, que me fisgou bem mais. Talvez se fosse reler os dois livros hoje, a escolha fosse outra, mas ler um livro é como entabular uma conversa, o conteúdo e o resultado dependem das partes envolvidas. risos.
Francine, que interessante sua resenha sobre Mrs. Dalloway, é uma outra forma de ver o livro. Gostei muito. Parece que este livro inquieta e fascinam muitos leitores.
Ah, e obrigada por visitar meu blog e deixar seu comentário sobre minha leitura de Mrs. Dallowy. Bjs.
Muito bem dito. É essa mesmo a “lição” de Mrs Dalloway. Tenho um grande carinho pelo livro.