Mel Duarte nasceu na primavera de 1988 em São Paulo (SP). É escritora, poeta, slammer, produtora cultural e atua com literatura desde 2006. Publicou os livros “Fragmentos Dispersos” (2013), “Negra Nua Crua” (2016, editora Ijumaa), “Negra Desnuda Cruda” (2018, ediciones ambulantes, Madrid, ES) e “Querem nos calar: Poemas para serem lidos em voz alta” (2019, Editora Planeta). É integrante da coletiva Slam das Minas – SP, batalha de poesias voltada ao gênero feminino e pessoas trans.
Em 2016 Mel foi destaque no sarau de abertura da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) e foi a primeira mulher a vencer o Rio Poetry Slam (campeonato internacional de poesia) que acontece dentro da FLUP (Festa Literária das Periferias) no Rio de Janeiro. Em 2017, foi convidada a representar a literatura brasileira no Festilab Taag, em Luanda, Angola. Por sete anos, Mel Duarte também integrou o coletivo “Poetas Ambulantes”, que distribui e declama poesias pelo transporte público.
O primeiro single do álbum ‘Mormaço – entre outras formas de calor’, de Mel Duarte, chegou às ruas nesta sexta-feira (28). A canção, que é inspirada na energia sonora de Erykah Badu e brinca com os sentidos é a primeira do álbum de spoken, que será lançado em todas as plataformas no próximo dia 02 de agosto.
Delitos
Fim de noite, fim de festa, nosso começo
Toques sem pressa, vontade de se despir sem anseio
Dançar sem ritmo certo, passo a passo seus movimentos eu aprendo
Suor escorre do rosto, suas mãos alcançam meus dedos, eu me rendo…
Sem regras e horários, só o momento
Eu, você, um certo lugar, tanto faz o contexto
Já é tarde, a música para, eu recomeço
você me abraça, oferece peito, eu adormeço
Juntos, nos afogamos num mar de devaneios
minhas rezas, suas preces nossos receios
Os corpos fervem e as bocas já não possuem freios
Seu santo é fraco e você se perde entre meus seios
E entre tantos delitos e declarações
Abusamos de nós, como provam os arranhões…
E quando menos esperar, vou invadir seu quarto
Arrancar os teus lençóis sem perguntar se posso
Sussurrar, te fazer estremecer…
Possuir. Corpo, pele e ossos.
“É uma faixa que te leva para longe. Fala de um encontro casual que termina muito bem no fim da noite”, comenta Mel Duarte, que anuncia o primeiro disco, que chega com 10 faixas e é uma incursão mais profunda da poeta ao universo do spoken, ainda pouco explorado no Brasil, mas bastante celebrado por artistas norte-americanos de soul-jazz desde 1970, reforçando o uso da palavra em um contexto musical, apresentando uma nova vertente da poeta.