O que é Romantismo? Um sinônimo para burguesia?

Talvez o Romantismo seja uma das manifestações culturais mais conhecidas, perpassando a pintura, a literatura, a arquitetura… Mas ele foi além e marcou a filosofia europeia entre o final do século XVIII e meados do século XIX. Neste post, irei expor algumas características deste movimento. Vem comigo?

Momento histórico

Em meados do século XVIII, a Revolução Francesa e o processo de industrialização mudaram significativamente as antigas relações econômicas, estabelecendo na Europa uma nova organização política e social que influenciaria o homem dos tempos modernos. Com a ascensão da burguesia, o Romantismo se constitui como uma escola atrelada a essa classe, carregando – em boa medida – as ideologias dos burgueses.

Além disso, o nacionalismo, o sentimentalismo, o subjetivismo e o irracionalismo, características do Romantismo inicial, também estão atrelados ao contexto histórico, como assinala o historiador Nelson Weneck Sodré:

“Burguesia e romantismo, pois, são como sinônimos, o segundo é a expressão literária da plena dominação da primeira. O advento do romantismo, pois, só tem uma explicação clara e profunda, a explicação objetiva quando subordinada ao quadro histórico em que se processou.”

Só é possível falar do Romantismo se entendermos que ele foi uma escola delimitada no tempo – finais do séculos XVIII e meados do século XIX. Ao longo desse período, podemos notar mudanças nas produções dos autores românticos durante as “fases” do movimento.

Principais características

Dentre as principais características, pode-se citar a oposição do romântico aos modelos clássicos da Antiguidade, que são substituídos pelos da Idade Média, especialmente em seus últimos séculos). A arte de caráter erudito também se opõe a uma arte de caráter popular (lembrando que essas fronteiras nem sempre são fáceis de determinar).  O indivíduo passa a ser o centro das atenções, no qual ganham destaque a imaginação e os sentimentos, do que resulta uma interpretação subjetiva da realidade.

Além disso, há a exaltação do nacionalismo, por meio da natureza pátria, do retorno ao passado histórico (especialmente ao culto ao passado medieval e seu catolicismo) e da criação do herói nacional. Por outro lado, tendo o liberalismo como referência ideológica, o Romantismo renega as formas rígidas da literatura, como versos de métrica exata. O romance se torna o gênero narrativo preferencial, em oposição à epopeia. Era a superação da retórica, tão valorizada pelos clássicos.

Leia mais: Til (José de Alencar): uma heroína clássica, mas com elementos modernos

A natureza, por sua vez, assume múltiplos significados: ora é uma extensão da pátria, ora é um refúgio à vida atribulada dos centros urbanos do século XIX, ora é um prolongamento do próprio poeta e de seu estado emocional.

Outra característica marcante é o sentimentalismo, a supervalorização das emoções pessoais, logo, é o mundo interior que conta, seu subjetivismo. Com isso, é comum a marca do egocentrismo, que coloca o poeta como o centro do universo e leva a diversas idealizações da sociedade, do amor, da mulher. Há uma constante fuga da realidade.

Porém, é importante lembrar que esses aspectos marcaram especialmente a primeira e segunda gerações, sendo que na fase final do Romantismo, especialmente a partir de 1860, desenvolve-se uma literatura de caráter mais social, a partir das transformações econômicas, políticas e culturais do período.

Um público consumidor

Um dos aspectos mais marcantes do Romantismo, atrelado do desenvolvimento burguês, é a consolidação de um público consumidor, uma vez que a literatura se torna mais popular. Isso se dá especialmente por conta da ascensão da tipografia (inventada pelo alemão Johannes Gutenberg no séc. XV), disseminada pelos avanços tecnológicos no final do século XVIII. Surge também o romance, forma mais acessível de manifestação literária. Já o teatro ganha novo impulso, abandonando as formas clássicas e se inspirando em temas nacionais (como o teatro de Almeida Garrett, em Portugal, e o de Martins Pena, no Brasil).

romantismo
Banca de livros às margens do Rio Sena, em 1843, por William Parrott. A concentração de virtuais compradores revela que nessa época o público leitor já estava plenamente consolidado na França.

Principais autores

Não cabe aqui fazer uma análise de cada autor que é citado como revelante dentro do movimento literário romântico, mas vale deixar alguns nomes que nos ajudam a entender um pouco a produção do Romantismo entre os séculos XVIII e XIX:

Leia mais: 5 poemas de Álvares de Azevedo para amar e sofrer

Por enquanto, é isso! Nos próximos posts, irei explorar mais o Romantismo no Brasil e algumas obras específicas, combinado?

Imagem de capa: Caminhante sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich, 1818.

Fontes consultadas: DE NICOLA, José. Língua, Literatura & Redação. São Paulo: Scipione, 1993; MARQUES, Antonio Francisco et al. (Orgs.). Linguagens e seus códigos: língua portuguesa e língua inglesa. 2. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2016.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *