7 poemas de Oscar Wilde: dualidades da vida…

Conhecer os poemas de Oscar Wilde é um mergulho em seu estilo de vida extravagante e apaixonado!

Oscar Wilde foi um renomado escritor, dramaturgo e poeta irlandês do século XIX. Nascido em 1854, ele é conhecido por seu estilo extravagante, seu senso de humor aguçado e sua sagacidade afiada. Wilde alcançou grande sucesso e reconhecimento em sua vida, tanto por suas peças teatrais como por sua poesia.

Em sua vida pessoal, Wilde era conhecido por seu estilo de vida extravagante e suas opiniões controversas. Ele foi um dos principais representantes do movimento estético, que valorizava a beleza e a arte pela arte.

Wilde escreveu diversos poemas que exploravam temas como o amor, a arte, a sociedade e a natureza humana. Sua poesia era caracterizada por uma linguagem rica e imaginativa, repleta de metáforas e trocadilhos. Seus poemas muitas vezes abordavam a dualidade da vida, alternando entre o cômico e o sério, o belo e o trágico. Através de sua poesia, Oscar Wilde deixou um legado duradouro como um dos grandes escritores do século XIX. Conheça abaixo 7 poemas de Oscar Wilde.

Poemas de Oscar Wilde

1. Minha voz

Dentro deste mundo inquieto, apressado e moderno,
Nós arrancamos todo o prazer de nossos corações, você e eu.
Agora as velas brancas do nosso navio acenam firmes,
Mas o tempo de embarque já passou.

Minhas bochechas murcharam antes do tempo,
Tanto foi o choro que a alegria fugiu de mim,
A dor pintou meus lábios de branco,
E Ruin dança nas cortinas da minha cama.

Mas toda essa vida tumultuada foi para você
Não mais que uma lira, um luto,
Um sutil feitiço musical,
Ou talvez a melodia de um oceano adormecido,
A repetição de um eco.

2. Desespero

As estações derramam sua ruína enquanto passam,
Pois na primavera os narcisos levantam seus rostos
Até que as rosas desabrochem em chamas ardentes;
E no outono violetas roxas florescem
Quando o açafrão quebradiço agita a neve do inverno,
Mas as árvores jovens decrépitas renascerão,
E esta terra cinzenta crescerá verde com o orvalho do verão,
E as crianças correrão por um oceano de prímulas frágeis.
Mas que vida, cuja ganância amarga
Rasgue nossos calcanhares, vigiando a noite sem sol,
Estimulará a esperança daqueles dias que não voltarão mais?
Ambição, amor e todos os sentimentos que queimam
Eles morrem cedo demais, e só encontramos felicidade
Os restos murchos de alguma memória morta.

3. Morte em vida

As ações mais vis, como ervas venenosas,
florescem bem no ar da prisão:
é só o que é bom no homem
o que é desperdiçado e murcha ali:
pálida angústia guarda o pesado portão,
e o guardião é o desespero.

Porque eles matam de fome o garotinho assustado
até que ele chore de dia e de noite:
e açoite o fraco, açoite o tolo,
eles zombam do velho cinza,
e alguns enlouquecem, e tudo vai mal,
e nenhuma palavra pode ser dita.

Cada cela apertada em que vivemos
É uma latrina escura imunda
e o hálito fétido da morte em vida
sufoca cada terno risca de giz,
e tudo menos a luxúria vira pó
na máquina da humanidade.

4. Sinfonia em Amarelo

Como amarela borboleta
Cruza a ponte a diligência;
Um transeunte, intermitente,
Surge tal mosca inquieta.

Contra o molhe se arremessam
As lanchas de feno amarelo,
E a bruma vela o cais, um selo
Ou lenço amarelo de seda.

Amarelas, folhas fanadas
Caem dos olmos de Temple;
Verde, a meus pés, jaz o Tamisa
Tal vara de jade estriada.

5. Debaixo da varanda

Ó bela estrela de boca carmesim!
Ó lua de sobrancelhas douradas!
Eles sobem, eles sobem do sul perfumado!
Eles iluminam o caminho do meu amor,
Para que seus pés delicados não se desviem
No vento que desce o morro.
Ó bela estrela de boca carmesim!
Ó lua de sobrancelhas douradas!

Ó barco que se agita no mar desolado!
Ó navio de velas brancas e molhadas!
Volta, volta ao porto por mim!
Bem meu amor e eu quero ir
Para a terra onde os narcisos sopram
Sobre o coração de um vale roxo!
Ó barco que se agita no mar desolado!
Ó navio de velas brancas e molhadas!

Ó pássaro baixo fugaz, notas doces!
Ó pássaro que repousa no orvalho!
Cante, cante com sua voz suave no vazio!
Meu amor em sua pequena cama
Ele vai te ouvir, ele vai levantar a cabeça do travesseiro
E vai do meu jeito!
Ó pássaro baixo fugaz, notas doces!
Ó pássaro que repousa no orvalho!

Ó flor que paira no ar trêmulo!
Ó flor de lábios nevados!
Desça, desça até o cabelo do meu amor!
Você deve morrer em sua cabeça como uma coroa,
Você deve morrer em uma dobra de suas roupas,
No pequeno brilho do seu coração você tem que descansar!
Ó flor que paira no ar trêmulo!
Ó flor de lábios nevados!

6. Désespoir

As estações deixam, ao passar, sua ruína,
E pois, na Primavera, o narciso que abre
Só murcha quando a rosa em chama rubra arde,
E as violetas roxas florem no Outono,
E o croco faz no Inverno a neve estremecer;
Assim hão-de florir de novo os lenhos nus
E este barro gris enverdecer de chuva
E dar boninas, que um moço há-de colher.

Mas que dizer da vida cujo mar faminto
A nossos pés escorre, e das noites sem sol
Toldando os dias de que não resta esp’rança?
A ambição, o amor, tudo o que penso ou sinto,
Cedo é perdido, e há que achar prazer tão-só
Nas espigas ressequidas da morta lembrança.

7. Flor de amor

Não te culpo, amor, foi por culpa minha, que se não fora feito de barro vulgar
Eu escalava aos penhascos por pisar, e ao mais largo dia, ao mais puro ar.

Do centro louco da paixão defunta, eu tocava a mais melódica cantiga,
Acendia a luz mais clara, mais livre liberdade, e degolava a hidra antiga.

Fosse-me a boca dada ao campo pelos beijos, ao invés de a ter ferida,
Andavas tu junto dos Anjos e de Bice sobre relva de esmalte enverdecida.

Eu trilhava o trilho que Dante trilhou, vendo brilhar os Sóis de sete aros finos,
Sim! talvez por sorte visse os céus se abrir, como se abriram ante o florentino.

E os reinos me dariam uma coroa, que ninguém me dá agora, ninguém sequer me chama,
E, pela alba de Oriente, prostrar-me-ia no umbral do Palácio da Fama.

E sentava-me no círculo de mármore, onde priva com o velho o jovem bardo,
E a flauta verde eternamente mel, e eternamente tangem as cordas da harpa.

Teria Keats erguido os cabelos anelados, no enlevo das papoilas do licor,
Beijado-me com boca de ambrósia, estreitado minha mão com nobre amor,

E quando, na Primavera, a macieira em flor toca o seio brunido duma pomba,
Um par de namorados novos num pomar leria o nosso amor à sua sombra.

Leria a lenda de minha paixão, o amaro segredo de meu coração,
Beijar-se-ia como nos beijámos, mas não seria sua esta nossa cisão.

Porque a vermelha flor de nossa vida é comida pelo cancro da verdade,
E nenhuma mão recolhe as folhas soltas, murchas, da rosa da mocidade.

Contudo não lamento ter-te amado – que mais teria eu feito, um rapaz!
Pois os dentes famintos do tempo devoram, e seguem os passos dos anos atrás.

Sem leme, vogamos na tempestade; e, após a tormenta dos anos primeiros,
Vem por fim, sem lira, ou coro, a Morte, esse mudo timoneiro.

E não nos guarda a campa nenhum prazer, o licranço na raiz se fortifica,
E o Desejo em cinzas se parte, e o lenho da Paixão não frutifica.

Ah! que mais poderia eu senão amar-te! menos doce me era a mãe do Salvador,
Menos doce a Citereia, tal argentino lírio sobre as ondas de esplendor.

Escolhi, vivi os meus poemas, e embora o lustre jovem morra embaciado,
Mais queria a flor da murta do amor do que os louros ao poeta destinados.


Onde encontrar os poemas de Oscar Wilde:

 

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