Comentários sobre o conto: A Dama no Espelho: Reflexo e Reflexão. Virginia Woolf. Contos Completos, tradução de Leonardo Fróes, CosacNaify. P. 313 a 321
“Nada continuava o mesmo em dois segundos juntos”
Há uma diferença entre ser e o que as pessoas enxergam quando nos olham. Alguns podem ter diferenças positivas, outras negativas. Alguns tipos caminham entre pólos opostos e tudo se dá pela diferença do olhar: o olhar interno e o externo. Quem eu sou quando me olho no espelho? Quem eu sou quando me olham? É sobre isso que o conto “A dama no espelho (Virginia Woolf) leva o leitor a pensar.
Uma mulher e o seu jardim
Uma mulher, enquanto cuida de seu jardim tem a vida descrita pela narradora: a beleza em ser aquela pessoa que se vê, ao longe, cuidando das flores, regando o jardim, tendo o cuidado na hora de podar cada planta, para que tudo fique na mais perfeita harmonia. A mulher, Isabella Tyson, tem tudo o que uma pessoa pode querer – no sentido de coisas palpáveis: dinheiro, uma bela casa, amigos, compromissos, cartas na gaveta que revelam uma vida agitada, um cotidiano repleto de acontecimentos. E enquanto ela cuida do jardim, bons pensamentos circulam sua mente: ser uma pessoa agradável, gostar da vida, dos amigos, dos compromissos; ao ponto do que é ruim esvanecer como uma nuvem…
Um espelho…
Mas havia um espelho – sempre eles – que revelou um outro lado da vida. O verdadeiro ou o falso? não se sabe, mas aquele que transforma o bom em ruim, ou o ruim em bom. E assim a protagonista do conto, Isabella Tyson, se vê diante do espelho, o que faz a narradora afirmar que “ninguém deveria deixar espelho pendurados em casa”.
Os motivos, as trocas do próprio olhar, o cheio para o vazio, a flor para ervas daninhas, tudo está registrado no conto. Por fim, o que fica é a reflexão, o reflexo. Resta saber qual é o lado que se está, pois “seu modo mais profundo de ser é que se queria captar e converter em palavras, o modo que para o espírito é o que é a respiração para o corpo, o que se chama felicidade ou infelicidade.”
