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10 frases do livro Amada, de Toni Morrison

Uma seleção de frases do livro Amada, escrito por Toni Morrison, escritora americana, prêmio Nobel de Literatura de 1993.

Amada foi publicado originalmente em 1987. Ganhou o prêmio Pulitzer em 1988 e foi eleito pelo New York Times, em 2006, a obra de ficção mais importante dos últimos 25 anos nos Estados Unidos. Ficou mais conhecido ao ser adaptado para o cinema, com Oprah Winfrey no papel da protagonista. Também foi o primeiro best-seller da escritora Toni Morrison, que dispensa apresentações. A norte-americana foi a primeira escritora negra a receber o prêmio Nobel de Literatura em 1993. Leia a resenha sobre a obra aqui.

“Dez minutos para cinco letras. Com mais dez ela podia ter conseguido “Bem” também? Não tinha pensado em perguntar a ele e ainda a incomodava aquilo ter sido possível – que em troca de vinte minutos, meia hora digamos, ela podia ter conseguido a coisa toda, todas as palavras que tinha ouvido o pregador dizer no enterro (e tudo o que havia para dizer, com certeza) entalhado na lápide: Bem-Amada. Mas o que ela havia conseguido, que escolhera, era a única palavra que importava. Ela achou que podia bastar, copular entre as lápides com o entalhador, o filho dele, menino, olhando, tão velho o ódio em seu rosto; bem novo o apetite nesse rosto. Aquilo com certeza devia bastar. Bastar para responder a mais um pregador, a mais um abolicionista e a uma cidade cheia de aversão.”

P. 22

“Todo mundo sentia meu cheiro antes de me ver. E quando me viam, viam as gostas de leite no peito do vestido. Eu não podia fazer nada. Só sabia é que tinha de dar meu leite para minha filhinha. Ninguém ia amamentar ela como eu. Ninguém ia dar leite para ela na hora certa, nem tirar quando ela já tivesse mamado bastante e não percebesse. Ninguém sabia que ela não conseguia arrotar se levantasse no ombro, só deitada em cima dos joelhos. Ninguém sabia, só eu e ninguém tinha o leite pra ela, só eu.”

P. 37

“Os segredos de Denver eram doces. Acompanhados sempre de verônica silvestre até ela descobrir a colônia. O primeiro frasco foi um presente, o seguinte ela roubou de sua mãe e escondeu no meio do bruxinho até que ele congelou e rachou. Foi o ano em que o inverno chegou apressado na hora do jantar e ficou durante oito meses. Um dos anos da Guerra em que miss Bodwin, a mulherbranca, trouxe a colônia de Natal para sua mãe e para ela, laranjas para os meninos e mais um bom xale de lã para Baby Suggs. Ao falar de uma guerra cheia de mortos ela parecia feliz – rosto afogueado e, embora sua voz fosse pesada como de homem, ela cheirava como uma sala cheia de flores, estímulo que Denver podia ter todo só para si no bruxinho.”

P. 54

“Estava falando do tempo. É tão difícil para mim acreditar no tempo. Algumas coisas vão embora. Passam. Algumas coisas ficam. Eu pensava que era minha rememória. Sabe. Algumas coisas você esquece. Outras coisas, não esquece nunca. Mas não é. Lugares, os lugares ainda estão lá. Se uma casa pega fogo, desaparece, mas o lugar – a imagem dela – fica, e não só na minha rememória, mas lá fora, no mundo”.

P. 63

“Denver mordeu as unhas.” Se ainda está lá, esperando, quer dizer que nada nunca morre.”
Sethe olhou bem para o rosto de Denver: “Nada nunca morre”, disse ela.
“A senhora nunca me contou tudo o que aconteceu. Só que chicotearam a senhora e que a senhora fugiu, grávida. De mim.”

P. 64

“Sua mãe tinha seus segredos – coisas que ela não contava; coisas que contava pela metade. Bem, Denver também tinha suas coisas. E as suas eram doces – doces como colônia de lírios-do-vale.”

P. 66

“Arriscado, pensou Paul D, muito arriscado. Para uma mulher que era escrava, amar alguma coisa tanto assim era perigoso, principalmente se era a própria filha que ela havia resolvido amar. A melhor coisa, ela sabia, era amar só um pouquinho; tudo, só um pouquinho, de forma que quando se rompesse, ou se fosse jogado no saco, bem, talvez sobrasse um pouquinho para a próxima vez. “Por quê?”, ele perguntou. “Por que você acha que tem que fazer as coisas por ela? Se desculpar por ela? Ela é crescida.”

P. 77

“Não estavam de mãos dadas, mas as sombras deles estavam. Sethe olhou para sua esquerda e as sombras deles três deslizavam pela areia de mãos dadas. Talvez ele tivesse razão. Uma vida.”

P. 79

“Minha velha? Quer dizer minha mãe? (…) Uma coisa ela fez, sim. Ela me pegou e me carregou atrás da defumadora. Lá atrás ela abriu a frente do vestido, levantou o peito e apontou debaixo dele. Bem em cima das costelas tinha um círculo e uma cruz queimados direto na pele. Ela disse: ‘Esta aqui é a sua mãe. Esta`, e apontou, ‘Sou a única que tem essa marca ainda. O restou morreu. Se alguma coisa acontecer comigo e você não conseguir saber que sou eu pela cara, pode saber por esta marca.’ Me deu tanto medo. Eu só conseguia pensar que aquilo era importante e que eu precisava ter alguma coisa importante para responder, mas não consegui pensar em nada, então eu disse o que pensei. ‘Certo, mamãe’, eu disse. ‘Mas como a senhora vai conhecer eu? Como vai me conhecer? Me marque também’, eu disse. ‘Marque essa marca em mim também.” Sethe riu.
“Ela marcou?”, Denver perguntou.
“Ela me deu um tapa na cara”.
“Por quê?”
“Na hora eu não entendi. Só quando ganhei uma marca minha.”

P. 98/99

“Voltar para a fome original era impossível. Para sorte de Denver, olhar era alimento bastante. Mas ser olhada de volta estava além do apetite; era romper sua própria pele até um lugar onde a fome não havia sido descoberta. Não precisava acontecer com frequência, porque Amada quase nunca olhava diretamente para ela, ou, quando olhava, Denver podia dizer que seu rosto era só o lugar onde aqueles olhos pousavam enquanto a mente por trás deles seguia em frente.”

P. 175

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