The Walking Dead, a metáfora da terra sem lei

Eu cheguei tarde ao mundo dos zumbis.

Tudo começou com o livro A Noite Devorou o Mundo que eu li sem saber que era sobre zumbis. Eu quis parar a leitura, porque eu achava tão boba essa ideia de zumbis… mas a leitura me fisgou e fiquei muito encantada com o livro, pois o foco da história era em como o personagem – um sobrevivente, iria lidar com o novo mundo que ele tinha diante de seus olhos. Um mundo repleto de zumbis, enquanto ele, apavorado, via tudo pela janela de uma casa, sem saber o que fazer. Com fome, com sede, sentindo solidão.

Histórias sobre zumbis falam sobre sobrevivência e questionam o ser humano no sentido de desvendar como seria o nosso comportamento sem as leis que regem a nossa socidade. Aí que está o grande medo. Zumbis é o menor dos problemas. O grande problema é o ser humano vivo e livre, em uma terra sem lei.

E então, desde a semana passada eu mergulhei no seriado The Walking Dead e estou AMANDO!

Nos primeiros episódios ainda fiquei em dúvida sobre gostar da série o suficiente para encarar todas as temporadas. Ao todo são 6 ou 7? Ainda tenho dúvidas, tenho receio de pesquisar e descobrir alguns spoilers.

Os meus personagens preferidos são bem comuns, fazem parte da listinha dos preferidos do pessoal viciado na série: Daryl e Michone. Mas também tem o Rick, que eu aprendi a gostar aos poucos. Parece que quanto pior ele fica, mais eu acho legal o personagem, isso pode soar meio estranho, mas quem assiste a série, entende o que estou falando.

Interessante também é pensar sobre o quanto nós, seres humanos, podemos ser diferentes eu uma situação totalmente atípica de nossas vidas. O Daryl, por exemplo, não era nada antes dos zumbis aparecerem, mas a vida dele passa a fazer algum sentido quando ele se vê neste mundo novo, tão hostil, mas também verdadeiro.

Michone, tão reservada e desconfiada,, vai aos poucos – pelo menos até onde assisti, quebrando o gelo, com quem a assisti e também com os personagens. A relação dela com o filho de Rick é muito bonita.

Mas em um mundo tão cruel para as crianças, como agir?

Aí está um ponto interessante que pode ser muito discutido: uma criança inserida em um mundo tão cruel (o personagem Carl, filho de Rick), sem regras, que a qualquer momento a vida pode escapar, como se fosse algo tão frágil. O garoto, ainda inocente, precisa aprender a atirar, precisa aprender a matar, se deseja permanecer vivo; se o pai deseja que o filho saiba se proteger. É dolorido ver a criança matando zumbis e pessoas também. Mas é necessário… e neste ponto a gente fica em dúvidas sobre o momento ideial da criança perder a inocência. Em The Walking Dead, quanto antes, cruelmente, é melhor. Isso fere nossos princípios.

Olho por olho, dente por dente

Hoje, aqui neste mundo, somos (outros mais, outros menos) domesticados. E vivemos relativamente bem. Se cometemos algum deslize ou algo muito grave mesmo, as leis dos homens vão nos julgar e nos condenar e desta forma até que existe um tipo de equilibrio no mundo, mesmo com tantas injustiças acontecendo diariamente.

Mas em The Walking Dead não tem justiça, não tem lei. Se alguém matar outra pessoa, não há condenação, juiz, prisão. Ainda, para alguns, pode permanecer a dor na consciência e só.

Então, se hoje a pessoa se sente realizada em sua profissão, em The Walking Dead, nada disso existe. A profissão de todo mundo é saber sobreviver, saber atirar, saber caçar, saber conviver com outros seres humanos. E este último item é o mais difícil de todos.

Respostas de 4

  1. Ótimo texto!
    Também tinha ressalvas com histórias de zumbis mas acabei fisgada por WD.
    Amando e sempre ansiosa esperando o próximo episódio.
    Beijos!

  2. Oi, Mariana! Espero que tenha assistido tudo. Por aqui, estou ansiosa com a nova temporada que começa agora em outubro! 🙂
    (ansiosa e com medo rs)

  3. Acho bom quando a gente quebra nossos preconceitos né? É tipo um tapa na cara! rsrs
    Bjos!!!

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