A Noite Devorou o Mundo: um livro sobre zumbis

O que chegou em minhas mãos foi o livro “A noite devorou o mundo” (Rocco), escrito por Martin Page sob o pseudônimo de Pit Agarmen. E eu gostei tanto do título e também gostei de ler a história do escritor solitário que, durante uma festa num apartamento em Paris e um sono profundo, acorda num mundo dominado por zumbis.

“Paris está magnífica desde que a cidade ficou abandonada e em ruínas. A calma e o vazio permitem admirá-la como nunca. Estamos no dia 25 de maio, e as árvores do Bulevar Clichy explodem em botões e folhas. Insensíveis ao nosso desaparecimento, os pássaros volteiam e cantam. É a eles que associo a minha alma” (A noite devorou o mundo, p. 110)

Zumbis?

Eu nunca havia lido um livro sobre zumbis. Sobre esses seres bizarros o que eu sabia aprendi na televisão, zapeando os infinitos canais e parando para rir quando aparecia algum zumbi na tela. Acho eles engraçados e também nunca compreendi o sentido deles existirem na ficção. Quem inventou essa coisa?

Pesquisei um pouquinho e aprendiz que os zumbis não nasceram na música Thriller do Michael Jackson, e sim:

“Histórias de zumbis têm origem no sistema de crenças espirituais e nos rituais do vodu haitiano: segundo crenças populares, o vodu faz com que uma pessoa morta volte à vida à procura de vingança com aquelas pessoas que lhe teriam feito mal. Histórias contam sobre trabalhadores controlados por um poderoso feiticeiro.” (Wikipedia)

Os zumbis mais parecidos com o que conhecemos hoje (sem feitiçaria), apareceram no filme “A noite dos mortos-vivos”, de 1968. E o primeiro livro a falar sobre o tema (ainda relacionado à feitiçaria) foi o Magic Island, do escritor americano William Seabrook, escrito em 1929. Depois dele, tivemos outros, mas os zumbis estouraram na literatura há alguns anos atrás, com a epidemia de livros, games, séries de tv e filmes sobre o tema: The Walking Dead (Robert Kirkman e Jay Bonansinga), Celular (Stephen King), Sangue Quente (Isaac Marion), Apocalipse Zumbi (do brasileiro Alexandre Calari), Guerra Mundial Z, Orgulho e Preconceito e Zumbis, etc, etc, etc…

Sobre o livro

O que chegou em minhas mãos foi o livro “A noite devorou o mundo” (Rocco), escrito por Martin Page sob o pseudônimo de Pit Agarmen. E eu gostei tanto do título e também gostei de ler a história do escritor solitário que, durante uma festa num apartamento em Paris e um sono profundo, acorda num mundo dominado por zumbis.

A noite devorou o mundo

Eu achei que não conseguiria continuar com a leitura antes mesmo de começá-la, por conta da graça que vejo nessa história de zumbis. Acho bizarro mesmo. Porém, há uma beleza impar na história de Martin Page, pois o livro não trata da sobrevivência num mundo dominado por zumbis, mas sim em como sobreviver a si mesmo num mundo vazio de humanidade. O narrador-personagem é tão sensível e tão astuto em conseguir viver em meio ao caos, que o livro pode ser interpretado como uma metáfora sobre viver e manter a sanidade.

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Os curtos capítulos que são na verdade um diário em que o narrador expõe sua experiência com o mundo novo e também revela histórias sobre o seu passado, mantem firme a curiosidade do leitor, mesmo sabendo de sua solidão, mesmo ficando claro que mais nada poderá acontecer, o narrador se torna um amigo do leitor e vice-versa, de forma que até o simples relato sobre o seu cotidiano: manter o apartamento em ordem; guardar a água da chuva; cuidar das plantas; admirar a paisagem parisiense; ouvir o canto dos pássaros; se torna algo extraordinário.

Minha experiência com zumbis foi bem interessante. A linguagem do livro é simples, porém muito rica (afinal é Martin Page…), por conta da sutileza em relacionar o fim da humanidade com a própria consciência do que é a humanidade e não por corpos destroçados e transformados em zumbis.

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Imagem de destaque: série “The Walking Dead”