Em Phyllis e Rosamond é mostrado que essas duas jovens são insatisfeitas com a situação que lhes é imposta, em e nutrem uma sensação de que não há para onde ir.
Já nos “Primeiros Contos” de Virginia Woolf percebemos suas inquietações sobre o papel destinado as mulheres e conhecendo suas obras que vão consagrá-la como uma das autoras feministas de leitura obrigatória, vemos que, essa inquietação a acompanhou desde muito cedo.
No conto Phyllis e Rosamond, datado de 1906, Virginia Woolf, aos 24 anos, narra o que ela define como:
“um caso comum, porque afinal são numerosas as jovens nascidas de pais bem-colocados, respeitáveis e prósperos, e todas elas devem ter dos mesmos problemas, não podendo senão haver, infelizmente, pouca diversidade nas respostas que dão” (p.14)*
Phyllis e Rosamond são “as filhas caseiras” numa família de cinco filhas. As duas representam uma excelente fonte de pesquisa, como coloca Virginia, para retratar a época em questão, fugindo dos relatos masculinos, que as colocam como sombras, o conto nos traz de forma pessoal o que era viver nessa época, para essas filhas.
Durante todo o conto é mostrado que essas duas jovens são insatisfeitas com a situação que lhes é imposta, em suas conversas que são também suas confidencias, as irmãs estão insatisfeitas com a situação que lhes é imposta mas ao mesmo tempo acreditam que tem que permanecer no mesmo lugar já que não há para onde ir.
Phyllis, com 28 anos já “passou da hora de casar” é apresentada a inúmeros pretendentes, mas nenhum chama sua atenção, o que leva a exortação da mãe “tente minha filha, ser um pouco menos egoísta”, os diálogos das irmãs demonstram que ambas não estão felizes com esse único futuro que as espera, mas ao mesmo tempo não saberiam o que fazer, a não ser, o casamento, o que causa angústia. O pai a questiona sobre o que faria se não se casasse e Phyllis não soube o que responder, e refletindo sobre seu futuro a jovem afirma que “em suma seriam um casal respeitável: mais ou menos como nossos pais”, e a vida seria “adestrada a desenvolver-se em padrões feios que correspondem à tão sóbria feiura de seus iguais”.
O conto que começa a encaminhar para o final, mostra as duas irmãs numa reunião no bairro Bloomsbury, o mesmo que Virginia após a morte do pai, vai morar com seus irmãos, e aqui a escritora demonstra sua visão desse lugar: “mas quem vivia aqui em Bloomsbury, poderia desenvolver-se como bem quisesse”, lá as irmãs envoltas de pessoas “livres” se sentem perdidas embora encantadas com as discussões.
“Por onde ela começaria, ela que tinha visto e no entanto sabia que suas banalidades nunca passariam pelo teste do questionamento e das críticas a que estariam expostas? […] E ela sentada a observar, sentindo-se como um passarinho que tivesse as asas cortadas”.
As duas irmãs vão conversam com as anfitriãs, Tristrams, e Phyllis que estava se sentindo como passarinho de asas cortadas, se sente satisfeita ao sentir que era capaz de coisas melhores, ao ser questionada sobre sua ocupação:
“Que faço eu? Oh, mando servir o jantar e arrumo as flores – esta é a minha ocupação; e eu gostaria que não fosse! Não se esqueça miss Tristram, de que a maioria das moças de família são escravas; e não convém que você me insulte por lhe ter acontecido ser livre”.
No final as duas irmãs voltam para casa e para nós leitores, é fácil projetar o que será a vida delas de ali em diante. Phyllis reflete “A que estaria apta? A criticar dois mundos e perceber que nenhum deles lhe dava aquilo que necessitava”, por fim, ela sente alívio –porém não sem dor – dos dias cheios, já que não precisaria pensar, e para nós fica a mesma angústia com que as duas irmãs terão de conviver.
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