Eu poderia usar partes de sua biografia ou algumas análises feministas de suas obras como motivos para alguém conhecer Remedios Varo, mas…
Entre setembro de 2015 e janeiro de 2016, o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, recebeu a exposição “Frida Kahlo – conexões entre mulheres surrealistas no México”. Como boa parte dos visitantes, minha única expectativa era a de poder ver de perto obras dessa mulher incrível, de quem a gente tanto fala e tanto admira; o que eu nem poderia imaginar é que algumas horas depois eu sairia daquele prédio com lágrimas nos olhos e com uma nova artista para chamar de favorita.
Leia também: 7 livros sobre Frida Kahlo para ler e se emocionar
Remedios Varo nasceu na Espanha em 1908, recebeu o nome peculiar por seu nascimento ter sido visto como meio de remediar a tristeza de sua família devido à morte de uma irmã mais velha. Uma das primeiras mulheres a estudar na Academia de Bellas Artes de San Fernando, Remedios teve a vida marcada por guerras e pela busca de refúgio. Em uma dessas fugas, durante a sua estadia em Paris, a artista se aproximou do movimento surrealista. Em outra delas, ao longo da ocupação nazista na França, encontrou no México o abrigo que necessitava e produziu ali até a sua morte, em 1963.
Suas obras falam sobre o mágico, o fantástico e o mistério; mostram criaturas meio híbridas, meio andróginas, em ambientes esotéricos e, de certa forma, também científicos; elas também falam sobre a solidão, o isolamento, a busca de si e sobre doenças. Foi, aliás, graças ao último ponto que sua produção me tocou profundamente. Como alguém que sente as dores reumáticas há alguns anos, vê-las ali, traduzidas em dois quadros, mais palpáveis, mais fáceis de explicar, de se fazer entender, foi algo que encheu meu peito de uma admiração que, confesso, até então nunca tinha sentido por nenhum artista que não tivesse nas palavras seu material de trabalho.
Eu poderia usar partes de sua biografia ou algumas análises feministas de suas obras como motivos para alguém conhecer Remedios Varo, mas acredito que ela, sua genialidade e suas cores falam de forma mais efetiva e bonita do que qualquer coisa que eu conseguiria escrever.
1. Dolor Reumatico (1948)
2. Astral Personne (sem data)
3. Naturaleza Muerta Resucitando (1963)
4. Mujer saliendo del psicoanalista (1960)
5. Star maker (sem data)
Para conhecer mais visite o site: https://remedios-varo.com