Algumas coisas acontecem. Aliás, muitas coisas acontecem no meio literário e a gente nem fica sabendo. De repente, é como se o mundo tivesse acabado e esqueceram de avisar essa turma que vive no mundo da lua. Eu faço parte desse grupo porque ontem, eu fiz essa pergunta: “Donnie o quê?” E meu sobrinho respondeu: Donnie Darko!
Eu não sei o que é Donnie Darko ainda, pensei comigo. Mas respondi com tranquilidade: “Acredita que ainda não vi o filme e nem li o livro?” E levantei da mesa para pegar um pedaço de panetone.
O meu primeiro “E Donnie Darko, hein?”
Em um dos Clubes de Leitura que fiz no SESC, uma moça chegou para mim, há alguns anos, e fez a pergunta: (imagine-a com a mão na cintura entre as prateleiras da biblioteca) E Donnie Darko, hein?
Foi nesse momento que aconteceu o meu primeiro “Donnie o quê?” E desta vez eu não consegui prossegui com algo além de: “não faço ideia do que seja isso.” E uma mágica aconteceu. Não para mim, mas para ela que, com brilho nos olhos, desengatou a falar sobre o filme, o livro, etc, etc, etc e claro que não lembro de nada.
Um filme que veio primeiro que o “livro”
Portanto, vamos lá: Donnie Darko é um filme de terror que, após o sucesso (ou não) teve o roteiro publicado aqui no Brasil pela Dark Side, aquela editora que faz somente coisas de terror e capas estilosas. Assim, já temos uma informação construída: Donnie Darko é um filme de terror.
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E fazendo aquela pesquisa rápida, podemos encontrar resenhas, sinopses, frases, imagens, curiosidades e outras coisas sobre o filme. Abaixo eu fiz uma pequena seleção de coisas que achei interessante:
Essa frase, tão real e assustadora
Essa imagem, tão banal, comum e bizarra.
O sentido de tudo isso
Voltando ao início, sobre o quanto as coisas acontecem e não conseguimos acompanhar tudo. Acredito que o mais importante é não cair nesse consumo exagerado de nosso cotidiano. De repente, eu não pude curtir mais o filme Bacurau, por exemplo. Porque todo mundo começou a falar do Coringa, que eu ainda nem vi. Pois é, agora que estamos aqui, você pode colocar suas mãos na cintura e me perguntar: mas e o Coringa, hein?
Daqui alguns anos eu assisto (ou pesquiso sobre o assunto) e venho aqui deixar alguns registros tardios e mais um pedido de que:
- já que vamos morrer sozinhos;
- já que, não saber das coisas é como essa imagem do coelho bizarro sentado ao lado e nem percebemos;
- já que está cada vez mais difícil curtir nossas ignorâncias.
Vamos valorizar mais o que a gente sabe, mesmo que seja para falar de um livro (ou filme) que não está mais na moda e que nem apareceu na sua rede social preferida.
Talvez esse seja meu jeito de desejar Feliz 2020.