Diversidade na literatura: 10 livros com representatividade trans

Precisamos falar de diversidade na literatura! E para isso, temos 10 livros com representatividade trans!

Quantos livros você já leu escritos por alguém transgênero ou que traziam personagens transexuais? Imagino que poucos, né? Infelizmente, a representatividade trans é pequena no mercado editorial, o que reflete as desigualdades na sociedade como um todo. As oportunidades no mercado de trabalho são raras: no Brasil, 90% das pessoas trans e travestis recorrem à prostituição como fonte de renda e possibilidade de subsistência. E nosso país traz ainda outro dado vergonhoso: continua a ser o local que mais mata travestis e transexuais em todo o mundo.

Além de ações afirmativas e políticas públicas, também precisamos ouvir a voz das pessoas trans e travestis, conhecer suas vivências, sonhos, projetos, até para desconstruirmos uma série de ignorâncias e violências (para se ter uma ideia, só em 2019 que a transexualidade deixou de ser considerada, oficialmente, um transtorno mental pela Organização Mundial da Saúde, a OMS).

E pensando nos caminhos para mudarmos uma realidade tão triste, que tal começarmos a consumir literatura trans? Conheça nossa lista de livros com representatividade trans:

Viagem solitária: memórias de um transexual 30 anos depois

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O primeiro livro dessa lista de livros com representatividade trans é Viagem solitária, que conta a história de João W. Nery, o primeiro transexual masculino de que se teve notícia no Brasil. Especialmente dedicado a todas as pessoas que se reinventam para achar um lugar no mundo, narra a infância triste e confusa do menino tratado como menina, a adolescência transtornada, iniciada com a “monstruação” e o crescimento dos seios que fazia de tudo para esconder , o processo de autoafirmação e a paternidade. São muitos os personagens dessa história… + Compre na Amazon

Água doce

Água doce, de Akwaeke Emezi, escritora que se considera não-binária, é um livro como nenhum outro. Com uma linguagem crua e física, narrada majoritariamente na primeira pessoa do plural – Nós –, a obra renega a possibilidade de um “eu” único e uniforme, celebrando e advertindo sobre a vida em espaços liminares. Ada sempre foi estranha. Quando criança, vivendo no sul da Nigéria, a família se preocupa com ela e não a entendem. Enquanto Ada ainda estava no ventre, o pai rezou por uma filha, e Ala, a deus-píton, ouviu; mas algo deu errado: talvez os deuses tenham esquecido de fechar os portões, pois Ada nasceu com diversos seres dentro de si. Quando ela vai para os Estados Unidos para a universidade, um evento traumático acaba sendo o catalizador que transforma seus muitos “eus” em algo mais forte. Ada é ọgbanje – ela é vários, e apenas um… + Compre na Amazon

Singular

Singular, de Thati Machado, narra a história de Noah, que sempre quis ser um garoto. Exatamente desse jeito. Com ponto final depois do substantivo masculino. Bom, ao menos era assim que as outras pessoas viam a situação. Para Noah, ele era um garoto. Novamente: ponto final. Durante toda uma vida Noah se sentiu deslocado, diferente, estranho. Era como se ele fosse um pacote que precisava vir acompanhado de cuidados e explicações… + Compre na Amazon

E se eu fosse puta?

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Professora de literatura, doutora em Letras pela Unicamp e prostituta em Campinas, Amara Moira traz um relato autobiográfico sobre sua transição de gênero e as experiências como profissional do sexo. Travesti em inícios de carreira, Amara Moira percebeu ser mais fácil transar sendo paga do que dando-se de graça, facinha como ela é. Decide então pela rua, encontrando nisso prazer em não só viver ali o sexo tributado (nas formas todas em que ele aparece), mas também em rememorar depois a experiência, retrabalhá-la em texto: travesti que se descobre escritora ao tentar ser puta e puta ao bancar a escritora… + Compre na Amazon

Contos Transantropológicos

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Contos Transantropológicos narra histórias de violência, dor e esperança. Publicado pela Editora Taverna, o livro da escritora e filósofa trans Atena Beauvoir traz relatos de violência sofridas por personagens que não se reconhecem em seus corpos. Rompendo com os conceitos de gênero e binarismo, Atena nos brinda com um livro que questiona a construção das nossas próprias identidades. E vai além: um outro mundo é possível, mais humano, com respeito, liberdade e direitos iguais para todas as pessoas. + Compre na Amazon

A queda para o alto

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Aos vinte anos de idade, Sandra Mara Herzer, ou Anderson Herzer, como passou a se autodenominar depois de assumir uma identidade masculina, encontrou na morte o fim de seus dramas. Ainda muito pequeno, passou por acontecimentos dolorosos, decepções com entes queridos e maus-tratos. Seu pai foi assassinado quando ele tinha três anos, sua mãe morreu quando Anderson ainda não completara oito anos. Foi adotado por seus tios; mas, sempre incompreendido, desenvolveu grande sensibilidade e também rebeldia. Internado na antiga FEBEM, neste mundo diferente, severo, morto, desumano, injusto – como diz no livro – conheceu mais um lado cruel da vida. + Compre na Amazon

Meu nome é Amanda

Com mais de 245 mil inscritos em seu canal no Youtube e vídeos que alcançam mais de um milhão de visualizações, a youtuber Mandy Candy conta sua história em livro. Nascida em Gravataí, no Rio Grande do Sul, Amanda nasceu num corpo de menino do qual sempre se sentiu desconectada. Ela juntou dinheiro e aos 19 anos, com o apoio da mãe, foi para a Tailândia fazer a cirurgia de redesignação sexual. Em seu canal no Youtube, ela fala, entre outras coisas, sobre feminismo e identidade de gênero, e faz enorme sucesso entre os adolescentes. No livro, Mandy conta tudo sobre bullying, sua fase de transição e sua trajetória até se tornar uma das youtubers trans mais conhecidas da internet. + Compre na Amazon

Todos os pássaros do céu

Escrito pela transgênero Charlie Jane Anders, Todos os pássaros do céu foi um dos 5 melhores livros do ano pela Time Magazine (2017), vencedor do Nebula Award 2017, vencedor do Locus Award 2017 e finalista do Hugo Awards 2017. Uma grandiosa história de amor, fantasia e ficção científica. Desde pequenos, Patrícia e Laurence tinham formas diferentes – e às vezes opostas – de enxergar o mundo. Patrícia podia falar com animais e se transformar em pássaros. Laurence construía supercomputadores e máquinas do tempo de dois segundos. Enquanto tentavam sobreviver ao pesadelo interminável da escola, seu isolamento se transformou em uma amizade cautelosa. Até que circunstâncias misteriosas os separam para sempre. Ou assim eles pensavam… + Compre na Amazon

Apenas uma garota

Prestes a entrar na vida adulta, Amanda Hardy acabou de mudar de cidade, mas a verdadeira mudança de sua vida vai ser encarar algo muito mais importante: a afirmação de sua identidade. Tudo que ela mais quer é viver como qualquer outra garota. E, embora acredite firmemente que toda mudança traz a promessa de um recomeço, ainda não se sente livre para criar laços afetivos. Até que ela conhece Grant, um garoto diferente de todos os outros. Ela não consegue evitar: aos poucos, vai permitindo que Grant entre em sua vida. Quanto mais eles convivem, mais ela se sente impelida a se abrir e revelar seu passado, mas ao mesmo tempo tem muito medo do que pode acontecer se ele souber toda a verdade… + Compre na Amazon

Vidas Trans: a coragem de existir

Neste livro, Amara Moira, João W. Nery, Márcia Rocha e T. Brant – todos pessoas trans – relatam, em depoimentos intensos, urgentes e necessários, o momento no qual percebem que havia algo diferente com seus corpos, sobre o sentimento de inadequação perante os padrões exigidos pela sociedade, sobre os preconceitos e as dores vividos dentro e fora da família, sobre o momento de transição e, enfim, da liberdade sentida por esta decisão. Em cada um dos relatos individuais, os autores contam suas histórias de vida, de luta e militância – constante e diariamente –, a fim de reafirmar o direito ao nome, ao corpo e à existência plena. + Compre na Amazon

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Respostas de 3

  1. Que lista ótima e importante, muito contente de tê-la encontrado.
    Queria chamar atenção em especial pra esse livro sobre o Anderson Herzer: como nunca tinha ouvido falar de uma história tão visceral quanto desse menino? To incrédula, essa história devia tar sendo muito mais contada.
    Grata pelo trabalho e pela pesquisa.

  2. Olá, Juliane! Em primeiro lugar, muito obrigada por acompanhar o nosso trabalho! E, sim, há tantas histórias incríveis que nem sequer conhecemos! Por isso a literatura é tão importante como um espaço de dar voz e vez para quem é invisibilizado/a pela sociedade!

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