E editora Ubu chegou ao mercado em 2016, fundada por profissionais que trabalhavam na extinta CosacNaify, Elaine Ramos e Florencia Ferrari. A vocação da editora é participar do debate contemporâneo publicando sobretudo nas áreas de antropologia, filosofia, psicanálise, literatura clássica, design e artes visuais. Com autores de referência em seus campos, a editora atua em três frentes: formação de fundo de catálogo universitário, participação ativa no debate contemporâneo e produção de edições caprichadas de obras clássicas.
Conheça abaixo uma lista de livros da editora Ubu:
Ficção
1. Macunaíma (Mário de Andrade)
Publicado em 1928, Macunaíma representou por muito tempo o símbolo do “povo brasileiro” ou ainda do que chamamos de “nação”. Esta edição, que conta com o estabelecimento do texto de Telê Ancona Lopez e Tatiana Longo Figueiredo, oferece uma nova chave de leitura ao romance, com foco especial para as fontes indígenas usadas por Mário na produção do romance. Como disse o próprio autor: “copiei, copiei às vezes textualmente[…], não só os etnógrafos e os textos ameríndios, mais ainda, na “Carta pras Icamiabas”, pus frases inteiras de Rui Barbosa, de Mário Barreto, dos cronistas portugueses coloniais”. + AMAZON
2. Bartleby, o escrivão – Uma história de Wall Street (Herman Melville)
Repetida mais de 20 vezes, a frase “Acho melhor não” é uma espécie de leitmotiv, ou fio condutor, da obra-prima de Melville. A história é contada pelo sócio de um escritório de advocacia de Nova York, que se esforça para desvendar a misteriosa e impenetrável personalidade de Bartleby, um escrivão que se recusa resolutamente a realizar qualquer tarefa, sem apresentar nenhuma justificativa para tal. O fascínio pela postura do funcionário impede o advogado de tomar medidas enérgicas e, quando finalmente decide fazê-lo, é confrontado com a mesma negativa inabalável. Lei a resenha aqui | + AMAZON
3. Coração das trevas (Joseph Conrad)
Esta edição traz um posfácio inédito do escritor Bernardo Carvalho, e textos de Virginia Woolf, Walnice Nogueira Galvão e Paulo Mendes Campos. O livro é inteiro ilustrado com obras da artista plástica Rosângela Rennó. Obra-prima da literatura inglesa, o Coração das trevas se tornou também uma referência cultural sobre os horrores da colonização. A história de Marlow, capitão de um barco a vapor, em sua ida de encontro a Kurtz, um explorador de marfim de métodos questionáveis, que vivia entre os selvagens do Congo e precisava ser levado de volta à civilização. O romance de Joseph Conrad mergulha no mundo interior do personagem principal, em busca do inominável, tendo as trevas da selva africana como imagem do inconsciente. O livro ficou conhecido ainda por ter inspirado o filme Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola. + AMAZON
4. A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca
A Ubu Editora lançou uma edição do clássico de Shakespeare, com tradução da poeta Bruna Beber. O livro traz 21 xilogravuras feitas por Edward Gordon Craig para a edição clássica de Hamlet publicada em 1930 pela Cranach Press. A edição da Ubu conta ainda com seis textos dos principais críticos da obra de Shakespeare, que fazem um arco de 1819 a 2008. A maioria é inédita em português: S. T. Coleridge (1819) – inédito Ivan Turguêniev (1860) – inédito A. C. Bradley (1904) Northrop Frye (1986) – inédito Jacques Lacan (1958-59) Barbara Heliodora (2008) + AMAZON
Não ficção
5. A terra dá, a terra quer (Antonio Bispo dos Santos)
Contracolonização é o conceito-chave desta obra de Antônio Bispo, que contrapõe de forma desconcertante o modo de vida quilombola ao da sociedade colonialista. Com uma linguagem própria, de palavras “germinantes”, o autor oferece um olhar urgente e provocador sobre os modos de viver, habitar e se relacionar com os demais viventes e com a terra. A partir da Caatinga brasileira, mais especificamente do Quilombo Saco Curtume, no Piauí, Bispo denuncia a cosmofobia – o medo do cosmos que funda o mundo urbano eurocristão monoteísta – e empreende uma guerra das denominações, enfraquecendo as palavras dos colonizadores. + AMAZON
6. O desejo dos outros: Uma etnografia dos sonhos yanomami
Em O desejo dos outros, Hanna Limulja oferece uma porta de entrada ao mundo yanomami através dos seus sonhos. Com o que sonham? O que significa sonhar e por que é importante? Entre os Yanomami, os sonhos não são desejos inconscientes do sujeito, como descreve a psicanálise: sonhar é habitar outros mundos, deparar com outros seres e, nesses encontros, mobilizar-se pelo desejo dos outros. Além disso, o sonho, especialmente ao ser socializado, adquire funções práticas, desempenhando um papel político no dia a dia da comunidade: sonhar com inimigo é motivo para atentar-se bem aos entornos da maloca no dia seguinte; se no sonho a pessoa aparece ricamente adornada, como se estivesse já no mundo dos mortos, é preciso zelar por sua segurança, para mantê-la neste mundo. + AMAZON
7. Pele negra, máscaras brancas
Primeiro livro de Frantz Fanon, “Pele negra, máscaras brancas” é um dos textos mais influentes dos movimentos de luta antirracista desde sua publicação, em 1952. Logo de início, se apresenta como uma interpretação psicanalítica da questão negra, tendo como motivação explícita desalienar pessoas negras do complexo de inferioridade que a sociedade branca lhes incute desde a infância. Assim, descortina os mecanismos pelos quais a sociedade colonialista instaura, para além da disparidade econômica e social, a interiorização de uma inferioridade associada à cor da pele – o que o autor chama de “epidermização da inferioridade”. + AMAZON
8. Quando as espécies se encontram
Neste livro, Donna Haraway nos convoca a refletir sobre como nós, humanos, dividimos esta Terra com outros seres e organismos não humanos – de bactérias a animais, máquinas e ferramentas – e sobre como nos moldamos uns aos outros. A autora trata de conexões, interações e intra-ações entre espécies companheiras, numa relação natural-cultural. + AMAZON