Eu me preocupo mais em ler outros tipos de romance aos como 1984 (George Orwell), porém, este era meu pensamento antes de ler 1984 porque agora a vontade é ir para uma ilha deserta com uma seleção incrível de livros do gênero e me acabar e aprender, conhecer, entender, analisar, criticar e amar os livros de ficção científica. E tudo isso é culpa do autor.

    O que eu sabia antes da leitura é que o livro se passa num mundo onde tudo é controlado por um tal de Big Brother, o mesmo que inspirou o reality show. E só.

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    O que eu encontrei no livro foi uma história incrível sobre o comportamento humano relacionado ao poder. Sobre como seria a nossa vida caso um sistema político maluco assumisse o controle do mundo. Um sistema onde não é possível nem pensar, ter desejos e sonhar, onde tudo é extremamente controlado ao ponto dos seres humanos nem conseguirem sentir que eles estão vivendo numa condição pior que bosta.

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    O personagem principal chama-se Winston Smith, ele é funcionário público e um dos poucos que ainda não caíram nas garras do poderoso Grande Irmão. Ou seja, ele ainda consegue analisar a história, pois a sua lembrança de um passado melhor ainda é viva, o que difere de uma boa parte da população, que vive na ilusão de que as melhorias do sistema totalitário estão a todo vapor, mas na verdade o que o sistema faz é enganar o povo com notícias falsas e com alterações constantes do passado, para que em nenhum momento seja possível questionar o presente.

    A história se passa em 1984, em Londres, mas na ficção de Orwell se chama Oceânia, que além das Ilhas Britânicas engloba outros continentes que foram conquistados durante uma guerra nuclear.

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    A leitura de 1984 (George Orwell) pode ser comparada a uma entrada num túnel muito escuro e estreito e que vai piorando na medida em que as páginas vão sendo viradas. A vida de Winston interessa muito ao leitor, pois representa o último resquício de humanidade como a conhecemos – a sensação de liberdade, o poder gostar, amar, sentir, discutir, conversar, sorrir, ir, vir, etc – e o túnel que a leitura provoca faz cada uma dessas sensações irem se perdendo de acordo com as tentativas do personagens em permanecer humano.

    Há muito para falar sobre o mundo que George Orwell inventou. Não há uma metáfora no livro que não seja possível relacionar aos dias de hoje, à nossa história, o passado e ao futuro. É desconcertante a lucidez política de George Orwell. Um livro que foi escrito em 1948 traz reflexões e algumas profecias, infelizmente, sobre o quanto somos acostumados com o poder político e o quanto somos pequenos, frágeis e tolos ao acreditar no que a televisão e os jornais nos dizem todos os dias.

    O poder da linguagem em 1984

    O livro é incrivelmente bom. Mas quero destacar o que eu mais gostei, que foi a questão da linguagem. Em Oceânia o governo pretende até 2050 implantar uma nova língua, chamada de Novafala. A ideia é que ela seja o mais simples e básica possível. Cada ano, quando é lançado uma nova versão do Dicionário de Novafala as palavras vão sendo diminuídas para que, aos poucos, a população, não reconheça certos sentimentos e desejos, já que são de palavras que não existem; e já que eles estão habituados em acreditar e obedecer tudo o que é dito na televisão (“teletela” em Novafala); já que eles não tem passado; já que eles mal sabem quando é o futuro. Assim, resumidamente, parece complicado entender como isso é possível, mas no livro tudo se torna muito real a partir da linguagem tão clara de George Orwell, que constrói um universo tão assustador quanto real.

    Me interesso muito pela linguagem porque acredito que ela é o que mais nos representa como um povo, um país. O jeito que formamos as palavras, que as reconhecemos e as estudamos faz com que seja possível compreendermos um pouco mais de tudo. Ou seja, quanto maior for o meu vocabulário, mais vou conseguir entender a minha vida e a vida do próximo. E a medida que esse vocabulário que uso for diminuindo, eu serei prejudicada, pois deixarei um pouquinho de humanidade para trás. Um mundo com um vocabulário ruim, com um sistema de linguagem/comunicação fraco pode transformar novamente, cada pessoa, em moradores de uma caverna, prontos para golpear o próximo. E isso lembra alguma coisa ou estou enganada?

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