A história do livro “A tristeza extraordinária do leopardo-das-neves” é dividida em 7 partes, com personagens que se intercalam entre os capítulos, de forma a colaborar com as perguntas que o leitor faz em cada final de capítulo: por que isso? por que aquilo?
“Eu nunca mais conseguiria dormir após ouvir as histórias contadas no trabalho.
A tristeza extraordinária do leopardo-das-neves (p. 23)
O que acontece aqui no 77ª DP acaba endurecendo a gente, isso sim.”
Uma névoa densa, escura, parece acompanhar a leitura, por mais que a escrita de Joca Reiners Terron (escritor brasileiro, nasceu em Cuiabá em 1968), seja clara e concisa. O ar sombrio permanece por toda a narrativa, como as boas histórias de suspense e terror.
Num capítulo, acompanhamos a vida de um escrivão que trabalha somente de madrugada, pois tem insônia e, durante o dia cuida de um senhor muito doente. No capítulo seguinte temos uma enfermeira que
cuida de uma “criatura” de hábitos noturnos.
O enlace das histórias ocorre quando percebemos que é o escrivão que conta a história da enfermeira, da “criatura”, do taxistas, os cachorros e outros personagens que vão surgindo. Tudo por que esses personagens fazem parte das histórias que ele escreve por conta de seu trabalho na delegacia. E assim, a história ganha forma, aquela névoa densa inicial começa a ganhar um formato mais pesado e uma justificada por permanecer ali.
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O cenário é a cidade de São Paulo, o bairro Bom Retiro, repleto de pessoas que ali chegaram por fugirem da Segunda Guerra Mundial ou em busca de um trabalho, de forma a acreditarem que aquele bairro é o único e verdadeiro local delas. Assim como o escrivão e os outros grandes personagens da história.
Quando a leitura termina, alguns fios que pareciam soltos se completam na medida que a memória – ainda tão fresca – relembra as personagens. O pensamento se fortifica nas certezas e incertezas da leitura. Aqueles que pareciam um pouco sem importância, ganham total sentido. O que era “não”, vira um “sim”. O que era obscuro passa a ter clareza. E o que parecia ser comum, passa a ser bizarro.
Por fim, é possível trocar as personagens da história de A tristeza extraordinária do leopardo-das-neves por pessoas que conhecemos ou até mesmo por sentimentos, por lembranças, por diferentes estágios da vida; e fica aquela sensação que o dia-a-dia, tão comum, está repleto de nuances que levam para as histórias de terror, que podem acontecer nas ruas de uma cidade qualquer, à noite, com lua cheia, leopardos, rottweilers e tudo.
Respostas de 4
OMG! Preciso ler esse livro. Ah… que blog encantador o seu! *-*
Leia sim. É muito bom! 🙂 Obrigada por curtir o blog *-*
Ouvi uma áudio resenha deste e outro do Joca Reiners e precisei comprar. Estou deixando para janeiro, pois estou finalizando algumas leituras.
Eu coloquei uma meta de descobrir um autor nacional por mês. Temos muitas leituras bacanas e que não conhecemos. Ótimo saber que você gostou, Fran.
Já leu o Barba do Daniel Galera? No dia que comprei este do Reiners, vi um novo título do Daniel (não recordo no nome agora. tirei fotinha para lembrar depois).
Não li nada do Daniel, mas quero muito ler Barba Ensopada!
Essa sua meta é ótima, me conte sobre o que achar de bom. 🙂