Na década de 90, Zafón escreveu quatro livros infanto-juvenis, dentre eles, As Luzes de Setembro, publicado no Brasil pela Suma de Letras.
Li a trilogia do Cemitério dos Livros Esquecidos no início do ano com “um pé atrás”, pois corro de livros que marcam a quantidade de vendas na capa. Mas, isso é culpa da editora, não do autor. O fato é que me surpreendi com Carlos Ruiz Zafón e As Luzes de Setembro.
Em As Luzes de Setembro o estilo narrativo de Zafón é um pouco diferente do que na trilogia citada anteriormente, como se ele testasse seus limites, fazendo experimentos com recursos linguísticos. É inegável que o espanhol é um bom contador de histórias. O livro reúne o que o jovem leitor procura: diversão, mistério e uma pitada de romance.
Irene e Dorian
Na história, Irene e Dorian perdem o pai e junto com a mãe, Simone, se mudam para Baía Azul, uma pequena cidade no litoral da Normandia. O local logo se mostra encantador e hospitaleiro. Simone consegue emprego como governanta em Cravenmoore, um casarão palaciano pertencente a um fabricante de brinquedos chamado Lazarus. Irene conhece Ismael, um marinheiro e os dois vivem uma paixão adolescente. Mas, logo os dois jovens descobrem que estão envolvidos em uma trama horripilante, que envolve Cravenmoore e o próprio Lazarus.
É um livro fácil de ler, com narrativa fluída. Acredito que prenda mais a atenção de um jovem leitor. Eu espero demais dos livros que leio. E As Luzes de Setembro não é tão elaborado e enriquecedor. É um livro comercial, para puro entretenimento. Enquanto eu lia, me senti em um daqueles episódios do Scooby-Doo em que há uma ilha misteriosa, um monstro à solta e o Fred e a Velma ficam tentando resolver o mistério enquanto o Salsicha e o Scooby morrem de medo.
Uma inspiração
Arrisco-me ao dizer que Zafón se inspirou no poema de Edgar Allan Poe “The Raven” em que a única palavra proferida pelo corvo repetidamente é “nevermore” para criar o nome do casarão de Lazarus, “Cravenmoore”. Coincidência? Pesquisei, mas não encontrei nada a respeito, por isso fico só no palpite.
“Depois de atravessar o longo corredor que ligava a fábrica de brinquedos à mansão, Ismael e Irene penetraram nas entranhas de Cravenmoore. Sob o manto da noite, a residência de Lazarus Jann parecia um palácio de trevas, cujas galerias, povoadas por dezenas de criaturas mecânicas, espalhavam-se no escuro em todas as direções.” p. 134