Americanah é um romance da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, publicado em 2013. A obra narra a história de Ifemelu, uma jovem nigeriana que se muda para os Estados Unidos para cursar a universidade e acaba se tornando uma renomada blogueira. Através do seu blog, Ifemelu escreve sobre questões raciais e de identidade, abordando as complexidades de ser uma africana na América.
Paralelamente, a narrativa acompanha Obinze, o amor de juventude de Ifemelu, que sonha em se juntar a ela nos Estados Unidos, mas acaba enfrentando suas próprias dificuldades e desafios na Inglaterra, vivendo como um imigrante ilegal.
Ao retornar à Nigéria após vários anos no exterior, Ifemelu enfrenta a tarefa de se readaptar à sua terra natal e confrontar as mudanças que ocorreram nela mesma e em sua sociedade. “Americanah” é uma reflexão poderosa sobre o amor, a identidade e a experiência da diáspora africana, explorando os temas de raça, pertencimento e as complexidades da vida moderna em um mundo globalizado.
Abaixo uma seleção das frases que mais me chamaram a atenção durante a leitura.
Mas Ifemelu não tivera uma grande epifania, não existia um motivo; simplesmente, camadas e camadas de descontentamento haviam se assentado sobre ela e formado uma massa que a impelia. (p. 14)
Aceitaria que os romances dos quais ele gostava eram superiores, romances escritos por homens jovens ou quase jovens e repletos de coisas, um acúmulo fascinante e confuso de marcas, músicas, revistas em quadrinhos e ícones, que lidavam apenas de maneira superficial com as emoções e com cada frase estilosamente consciente de seu próprio estilo. Ifemelu havia lido muitos deles porque Blaine os recomendava, mas eram como algodão-doce, dissolvendo fácil na língua da memória. (p. 19)
Obinze descobriria mais tarde que os homens e as mulheres importantes não conversavam com as pessoas, só falavam com elas, e aquela noite Chief falou e falou, discursando sobre política enquanto seus convidados exclamavam “Exatamente! Você tem razão, Chief! Obrigado!”. Eles usavam o uniforme das pessoas mais ou menos jovens e mais ou menos ricas de Lagos – mocassins de couro, jeans e camisas justas de gola aberta, todas com a assinatura de estilistas conhecidos – mas, em sua manira de agir, havia a ansiedade insistente dos homens necessitados. (p. 3)
As frases dela continham uma pressa. (p. 40)
Ifemelu não se interessava pela igreja e era indiferente a fazer qualquer esforço religioso, talvez porque sua mãe já fizesse tantos. Mas a fé da mãe a confortava; em sua mente, era uma nuvem branca que ficava acima de sua cabeça e ia onde quer que ela fosse. (p. 53)
E sua alegria se tornava inquieta, batendo as asas dentro dela, como quem busca uma chance de sair voando. (p. 72)
A cada mês de silêncio que se passava entre eles, Ifemelu sentia o próprio silêncio se calcificar e se tornar uma estátua imensa e sólida, impossível de derrotar. (p. 213)
Não conseguiam entender por que as pessoas como ele, criadas com todo o necessário para satisfazer suas necessidades básicas, mas chafurdando na insatisfação, condicionadas desde o nascimento a olhar para outro lugar, eternamente convencidas de que a vida real acontecia nesse outro lugar, agora estavam resolvidas a fazer coisas perigosas, ilegais, para poder ir embora, sem estar passando fome, ter sido estupradas nem estar fugindo de aldeias em chama. Apenas famintas por escolhas e certezas. (p. 299)
Obinze descobrira que a tristeza não diminuía com o tempo; na verdade, era um estado volátil. (p. 400)
Entre eles, cresceu um silêncio, um silêncio ancestral que ambos conheciam. Ela estava dentro desse silêncio, e estava segura. (p. 474)