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5 motivos para ler Lewis Carroll, por Virginia Woolf

Abaixo você encontra 5 motivos para ler Lewis Carroll, que também são 5 excertos de um artigo de Virginia Woolf, publicado em 1939 em uma revista londrina.

“O livro se quebra ao meio em nossas mãos. Para cimentá-lo, recorremos à Vida.” 

Virginia Woolf além de romancista, contista, editora, foi também crítica literária. Muitos artigos dela foram publicados em revistas britânicas durante toda a sua carreira. Nomes como Shakespeare, Jane Austen, Joseph Conrad, entre outros, fazem parte da extensa contribuição da autora para a crítica literária, mas principamente para o leitor comum, que é diferente de um crítico ou um professor, mas, segundo ela:

“é guiado pelo instinto de criar para si mesmo, à margem de quaisquer outras miudezas que possa se assemelhar, alguma espécie de plenitude – o retrato de um homem, a descrição de uma época, uma teoria da arte de escrever.” (O Leitor Comum, p. 13, Graphia editora, tradução de Luciana Viégas).

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Portanto, o artigo nomeado simplesmente de “Lewis Carrol” pode ser visto como uma contribuição ao leitor comum, a partir de uma simples pergunta que faço: por que Alice nos comove tanto?

Então, abaixo, você encontra 5 motivos para ler Lewis Carroll, que também são 5 excertos do artigo de Virginia Woolf, publicado em 1939 em uma revista londrina.

1. Não basta ler um ou outro, é preciso ler os dois: Alice no país das maravilhas e Alice através do espelho

Foi em 1939 que surgiu a obra completa de Lewis Carroll. Esse foi um dos motivos que fez Virginia Woolf escreveu o artigo, pois considerou importante a leitura dos dois volumes para começar a entender a obra: “Lewis Carroll precisava existir por completo de uma vez por todas. Nós precisamos tentar abarcá-lo como um todo, na íntegra.

2. Lewis Carroll era como um “cristal de perfeita dureza”

Palavras de Woolf: “(…) essa água-viva sem um pingo de tinta continha dentro de si um cristal de perfeita dureza. Que continha infância. O que é algo estranho, pois a infância normalmente se apaga lentamente. (…) Por algum motivo, não sabemos qual, sua infância foi interrompida abruptamente. Ele a alojava inteira como um todo dentro de si.”

3. A capacidade de recriar o mundo das crianças

Ele se esgueirou através do mundo adulto feito uma sombra, solidificada apenas na praia de Eastbourne, com garotinhas cujos vestidos ele prendia com alfinetes de segurança. Mas como a infância permaneceu dentro dele inteiriça, ele foi capaz de fazer o que ninguém pôde fazer – ele foi capaz de voltar para aquele mundo; foi capaz de recriá-lo, de modo que nós também voltássemos a ser crianças.

4. Os únicos livros em que nós nos tornamos crianças

No intuito de nos fazer criança de novo, ele primeiro nos faz dormir. ‘Caindo, caindo, caindo, será que essa queda nunca terá fim?’ Caindo, caindo, caímos naquele mundo aterrorizante, loucamente inconsequente, e no entanto perfeitamente lógico, onde o tempo corre, depois para; onde o espaço estica, depois se contrai. É o mundo do sono; é também o mundo dos sonhos. Sem nenhum esforço consciente, o sonhos vêm; o coelho branco, a morsa e o carpinteiro, um atrás do outro, virando e se transformando uns nos outros, eles vêm ricocheteantes e saltitantes, passando através da nossa mente. É por esses motivos que as duas Alices não são livros para crianças; mas os únicos livros em que nós nos tornamos crianças.

5. Apenas Lewis Carroll nos mostrou o mundo de ponta-cabeça como uma criança o vê

Virar criança é ser muito literal; é achar tudo tão estranho que nada é surpreendente; é ser impiedoso, cruel, e no entanto tão passional que qualquer dedém, uma sombra, veste o mundo inteiro de luto. É ser Alice no País das Maravilhas. É também ser Alice através do espelho. É ver o mundo de ponta-cabeça. Muitos dos grandes satiristas e moralistas nos mostram o mundo de cabeça para baixo, e nos fizeram vê-lo como as pessoas adultas o veem, como selvageria. Apenas Lewis Carroll nos mostrou o mundo de ponta-cabeça como uma criança o vê, e nos fez dar risada, como uma criança dá risada, irresponsavelmente. Nos bosques do puro nonsense…

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Respostas de 6

  1. Gostei muito. Amo leitura!!! Tenho um grupo ” Grupo Literário entre Letras e Artes” o nosso encontro é uma vez por mês para discutirmos ora livros, ora filmes, ora biografias.

    Vou adorar receber suas novidades literarárias!!!
    Um abraço

  2. Estou adorando seu site, simplesmente maravilhoso. Eu vejo algo diferente em Virginia Woolf, algo poético e um pouco desorientado, sombrio, é como se ela fosse a cor preta em um espectro sabe? Não sei se vai me entender, mas é como se fosse todas as cores e se tornasse um, um escuro preto e em prosa, poesia, Woolf e só ela.

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