Cidade da garoa, que nunca dorme: São Paulo. Uma cidade tão antiga quanto moderna, que mistura todos os tipos de pessoas nas calçadas da Avenida Paulista em um domingo de tarde, torna-se inspiração quase óbvia para a arte. Música, fotografia, cinema e literatura: todos bebem da fonte da pluralidade paulistana, fazendo a cidade virar poesia. Na literatura, a cidade consegue ser cenário e até personagem principal. Por isso, abaixo uma lista de 5 livros sobre São Paulo em suas diversas facetas: para conhecer, entender e se encantar.
Das terras bárbaras | Editora Tordesilhas
O que pode ligar um jesuíta do século XVII a um jovem diplomata dos nossos dias? Muita coisa, sobretudo se o funcionário for descendente do padre. Das terras bárbaras conta o sofrimento do jesuíta Diogo Vaz de Aguiar, seus percalços e deleites no Novo Mundo. Entre seus fabulosos personagens, há vários históricos, e as pessoas verídicas daquele tempo emprestam realismo a uma narrativa de muitas guinadas.
Das terras bárbaras não é apenas repleto de surpresas, mas tem cheiro, gosto, cores e sons do Brasil seiscentista, do Portugal barroco, da África colonial, da São Paulo metrópole, da Lisboa moderna e até de Brasília. Portanto, é um romance sobre arrebatamentos e temores de todos os tamanhos. Esse livro não poderia ficar de fora desta lita de livros sobre São Paulo!
A capital da solidão | Editora Objetiva
Numa narrativa envolvente e reveladora, o leitor é convidado a conhecer momentos cruciais da trajetória da cidade que, por mais de uma ocasião, esteve ameaçada de penosos retrocessos, senão de extinção, por motivo do abandono dos moradores, da precariedade de recursos e do que por vezes pareceu uma irremediável falta de futuro.
O destino de São Paulo, ao longo dos três primeiros séculos de existência, foi de isolamento e de solidão. Em 1872, os primeiros sinais de prosperidade começavam a visitá-la, por conta da riqueza trazida pelo café, mas ainda assim a população de pouco mais de 30 mil habitantes a situava numa rabeira com relação às demais capitais brasileiras. Assim, em 1890 já tinha dobrado de tamanho.
O momento em que finalmente engrena é súbito como uma explosão – na passagem do século XIX para o XX, a cidade se transformou num aglomerado de gente vinda de diferentes partes do mundo e começou a virar a São Paulo que se conhece hoje.
As meninas | Companhia das Letras
Num pensionato de freiras paulistano, em 1973, três jovens universitárias começam sua vida adulta de maneiras bem diversas.
Lorena, filha de família quatrocentona, nutre veleidades artísticas e literárias. Namora um homem casado, mas permanece virgem.
A drogada Ana Clara, linda como uma modelo, divide-se entre o noivo rico e o amante traficante.
Lia, por fim, milita num grupo da esquerda armada e sofre pelo namorado preso.
As meninas colhem essas três criaturas em pleno movimento, num momento de impasse em suas vidas.
Transitando com notável desenvoltura da primeira pessoa narrativa para a terceira, assumindo ora o ponto de vista de uma ora de outra das protagonistas, Lygia Fagundes Telles constrói um romance pulsante e polifônico, que capta como poucos o espírito daquela época conturbada e de vertiginosas transformações, sobretudo comportamentais. Portanto, uma obra que não poderia ficar de fora desta lista de livros sobre São Paulo.
“Os Contos”, coletânea de Lygia Fagundes Telles é lançada pela Companhia das Letras
São Paulo nas alturas | Editora Três Estrelas
Nos anos 1950, uma grande transformação ocorreu em São Paulo: arquitetos modernos passaram a ser mais requisitados por uma renovada indústria imobiliária.
Em pouco mais de 10 anos, foram criados os mais icônicos edifícios da cidade, graças à aliança de arquitetos talentosos, como Niemeyer, David Libeskind Franz Heep, com empreendedores audazes, entre eles Artacho Jurado, Octavio Frias de Oliveira e José Tjurs.
Em São Paulo nas alturas, Raul Juste Lores reconstitui esse importante período, apresentando a surpreendente trajetória de seus principais personagens, mulheres e homens que deram rumo novo à arquitetura, à construção e à vida urbana no Brasil.
Quando eu vim-me embora | Editora Leya Brasil
Entre as décadas de 1930 e 1980, milhares de pessoas abandonaram a terra onde nasceram e foram para outro estado – que, para elas, era como se pertencesse a outro país: São Paulo era outro mundo, tinha outra forma de organização, de lutas, de sociabilidade, de trabalho e até mesmo de falar o português.
Com seu estilo coloquial e direto e uma narrativa envolvente, sem perder o rigor com os fatos, Marco Antonio Villa, autor dos best-sellers Mensalão, Ditadura à brasileira e Um país partido, oferece aos leitores a voz não do narrador, mas dos próprios migrantes: são eles que relatam a viagem no pau de arara, a chegada à capital paulista, a dificuldade de adaptação, os empregos, a melhoria de vida, a educação dos filhos, a construção da tão sonhada casa própria.
Também estão presentes as reações, os exemplos de solidariedade, as angústias e as alegrias. Dos livros sobre São Paulo, com certeza esse é um dos mais necessários!