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O que é o romance gótico? Patologia e agonia…

Estamos falando de horror e nada melhor do que abordar um tipo de literatura que se encaixa neste tema, não é mesmo? Então venha conhecer o que é e quais as origens do romance gótico!

Surgimento do romance gótico

A literatura gótica, de acordo com os estudiosos do tema, surgiu em meados do século XVIII simultaneamente ao próprio romance. Na Inglaterra, isso ocorreu devido a mudanças sociais como a revolução industrial, as transformações nos centros urbanos e a expansão da classe média. Esses aspectos do período, além de impulsionarem o romance, ainda fizeram com que este gênero ajudasse a definir uma espécie de identidade de classe, constituindo interesses sociais.

Ascendendo em um contexto iluminista que tensionava razão e sentimento, o gótico literário “lida com as emoções mais refinadas dos personagens, traçando minuciosamente seus sentimentos, escolhendo situações para evidenciar sua consciência reflexiva, situações cheias de patologia e agonia” [1].

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A obra que inaugura o gênero é O castelo de Otranto, escrita por Horace Walpole no ano de 1764, que conta a história de Manfredo, um príncipe que usurpa um castelo ativando assim uma maldição. Por conta disso, seu filho é atingido por um elmo gigante que o mata instantaneamente, uma situação inexplicável que dá início a uma série de outros episódios fantasiosos que só cessam no momento em que Manfredo é finalmente expulso do local.

romance gótico
O Castelo de Otranto

Características do romance gótico

As principais características do gótico são os espaços insólitos, onde um segredo, geralmente de ordem sobrenatural, – como uma maldição, no caso de Otranto -, ameaça a integridade física e psicológica das personagens. Assim, de acordo com Júlio César Jeha[2], tal “ameaça pode assumir a forma de fantasmas ou monstros que invadem esse espaço para manifestar crimes que não podem mais ficar ocultos […], um crime cometido, mas não punido, que ameaça destruir o indivíduo, quando não o grupo, ao qual ele pertence”[3], caracterizando o romance gótico como uma das diversas formas da ficção de crime[4].

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Principais autores

O gênero contou com a produção de diversos escritores, entre os quais se destacam:

Clara Reeve, que escreveu The Old English Baron, de 1777;

Sophia Lee, autora de The Recess; or a Tale of the Other Times, publicado entre 1783 e 1785;

William Beckford, que escreveu Vathek, an Arabian Tale, em 1786;

Ann Ward Radcliffe, que se tornou conhecida principalmente por sua obra The Mysteries of Udolpho, de 1794;

Matthew Gregory Lewis, que publicou The Monk em 1796;

E alguns mais conhecidos, como:

Mary Shelley, autora de Frankenstein, publicado em 1820;

Robert Louis Stevenson, autor de The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde, de 1886, traduzido no Brasil como O médico e o Monstro;

Bram Stoker, que publicou Drácula, em 1897.

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[1] PUNTER, David. The Literature of Terror: A History of Gothic Fictions from 1765 to the Present Day. London: Longman, 1996, p. 25, apud SANTOS, Camila de Mello. Gótico: O vampiro da literatura. Revista Vozes em Diálogo (CEH/UERJ), n. 1, p. 03, jan.-jun. 2008.

[2] JEHA, Julio Cesar. As ligações criminais do Gótico. SOLETRAS, n. 27, p. 1., jan.-jun. 2014.

[3] Idem, p. 2

[4] Para mais informações sobre ficção de crime, consultar: SYMONS, Julian. Bloody Murder: From the Detective Story to the Crime Novel, 3rd revised edn. New York: The Mysterious Press, 1993.

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