Realismo no Brasil: a escola literária que ainda ecoa

Realismo é a escola literária que nos deu Machado de Assis. Ou Machado de Assis nos deu essa escola literária?

O Realismo é uma importante escola literária que surgiu no século XIX, mais precisamente na segunda metade do século. Esse movimento teve uma grande influência sobre a literatura e a arte em geral, promovendo uma representação mais fiel e objetiva da realidade. Caracterizou-se por retratar o mundo de forma crua, mostrando a sociedade e suas contradições de maneira mais verossímil.

O período do Realismo abrange aproximadamente o século XIX, mas suas raízes podem ser encontradas nos movimentos anteriores, como o Romantismo. Foi na segunda metade do século XIX que o Realismo atingiu seu ápice, especialmente na França, com autores como Gustave Flaubert, Émile Zola e Honoré de Balzac. Esses escritores se destacaram por suas obras realistas que exploravam temas como a condição social, a política, a moralidade e a psicologia dos personagens.

Contextualmente, o Realismo surge em um momento de transformações sociais e políticas. A Revolução Industrial estava em pleno curso, resultando em mudanças significativas na estrutura social e econômica. A burguesia emergente e a classe trabalhadora passaram a ocupar papéis centrais na sociedade, e os escritores realistas refletiram essas mudanças em suas obras, retratando a vida das classes menos privilegiadas e criticando os aspectos negativos da sociedade.

As principais características do realismo e a influência hoje em dia

As principais características do Realismo incluem a objetividade, a descrição detalhada e minuciosa dos cenários e personagens, a preocupação com a verossimilhança, o foco nas classes sociais menos privilegiadas e uma visão crítica da sociedade. Os escritores realistas buscavam retratar a realidade tal como ela era, sem romantismos ou idealizações.

Hoje em dia, embora tenhamos nos distanciado temporalmente do período de auge do Realismo, ainda é possível identificar suas influências na literatura contemporânea. Muitos escritores modernos ainda se baseiam nas características realistas, como a representação detalhada dos ambientes e a abordagem crítica da sociedade. O Realismo continua sendo uma ferramenta valiosa para explorar questões sociais, políticas e psicológicas, permitindo que a literatura ofereça reflexões profundas sobre o mundo ao nosso redor.

Realismo no Brasil: Machado de Assis e Aluísio Azevedo

No Brasil, o Realismo também teve um papel importante na literatura. Machado de Assis é considerado o maior representante desse movimento no país. Ele é autor de obras como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, um dos marcos do Realismo brasileiro. Nessa obra, Machado de Assis utiliza técnicas narrativas inovadoras, como a quebra da linearidade temporal, para retratar a vida de Brás Cubas, um personagem cínico e sarcástico que reflete as contradições da sociedade da época. Outro livro famoso de Machado de Assis é “Dom Casmurro”, no qual o autor aborda o tema do ciúme e da traição através da história de Bentinho e Capitu, personagens emblemáticos da literatura brasileira.

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Sinopse: “Prometido para o seminário desde o nascimento, o jovem carioca Bentinho precisa encontrar um jeito de fugir da vida na Igreja e realizar seu verdadeiro sonho: casar-se com a vizinha Capitu. Uma história de paixão, obsessão e ciúme se desenrola, em uma narrativa cheia de reviravoltas, que aos poucos constrói um retrato da sociedade brasileira. Com este romance publicado em 1899, o maior nome da literatura nacional, Machado de Assis, torna-se também parte do cânone mundial.” Compre o livro na Amazon

Outro autor relevante do Realismo brasileiro é Aluísio Azevedo, conhecido por sua obra “O Cortiço”. Nesse livro, Azevedo retrata a vida nos cortiços do Rio de Janeiro, explorando o ambiente urbano e seus personagens marginais. Através de uma narrativa objetiva e descritiva, o autor denuncia as condições precárias de moradia, a exploração dos trabalhadores e as relações sociais conflituosas. “O Cortiço” é considerado um dos principais romances realistas naturalistas brasileiros e tem grande importância na representação literária da época.

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Sinopse: “Pobreza, corrupção, injustiça, traição são elementos integram O cortiço, principal obra do Naturalismo brasileiro. Nela, Aluísio Azevedo denuncia as mazelas sociais enfrentadas pelos moradores de um cortiço no Rio de Janeiro no século XIX. É um romance que convida a analisar por meio da observação crítica do cotidiano das personagens a animalização do ser humano, questão que se mostra, mais do que nunca, atual.”

Leia a resenha: Notas sobre O Cortiço: a ressonância dos dias atuais

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O realismo na pintura

A relação entre o realismo literário e o realismo das pinturas é de extrema importância, uma vez que ambos os movimentos compartilham o objetivo comum de representar a realidade de maneira verossímil e objetiva. Ao relacionar essas duas formas de expressão artística, é possível criar uma abordagem mais abrangente e multidimensional da realidade, ampliando a compreensão e a apreciação dos aspectos sociais, culturais e humanos presentes em ambas as formas de arte.

Enquanto a literatura permite explorar a complexidade da psicologia dos personagens e a construção de narrativas, as pinturas têm o poder de transmitir emoções e sensações visuais de forma imediata. Ao unir essas linguagens artísticas, é possível alcançar um retrato ainda mais rico e profundo da realidade, permitindo que os espectadores e leitores mergulhem em uma experiência mais completa e enriquecedora. Além disso, a interação entre o realismo literário e as pinturas realistas pode inspirar novas perspectivas e diálogos entre diferentes formas de arte, promovendo a interdisciplinaridade e enriquecendo o panorama cultural e estético.

Conheça alguns exemplos de obras de arte que representam o Realismo são:

  1. “O Almoço na Relva” (1863) – Édouard Manet: Nessa pintura, Manet retrata um almoço campestre com pessoas vestidas de forma contemporânea, em contraste com as representações idealizadas da época. A obra chocou a sociedade da época devido à sua abordagem realista e à ousadia de colocar figuras nuas em um contexto não mitológico.
  2. “A Terceira Classe” (1874) – Honoré Daumier: Essa pintura de Daumier retrata passageiros de terceira classe em um vagão de trem. O artista mostra de forma realista as diferenças sociais, a precariedade das condições de transporte e a expressão cansada e desgastada dos passageiros.
  3. “Cena de família” (1891) – Almeida Junior: A obra evidencia a preocupação do artista em retratar a realidade cotidiana e a vida simples das pessoas com um olhar atento aos detalhes, característico do realismo. “Cena de Família” representa um importante exemplo do talento e da dedicação de Almeida Júnior em sua busca por uma representação fiel e emocional da vida e da sociedade brasileira do século XIX.
  4. “Os Quebradores de Pedra” (1849) – Gustave Courbet: Courbet foi um dos principais expoentes do Realismo na pintura. Nessa obra, ele retrata trabalhadores rurais quebrando pedras em uma estrada. A pintura evidencia a dureza do trabalho manual e a condição social dos trabalhadores, sendo um exemplo marcante do foco realista em temas sociais e cotidianos.

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