Balzac é considerado um dos fundadores do Realismo e “O Coronel Chabert” mostra toda a sua genialidade.

“Li um livro famoso […] ? me dizia, e pegava o volume francês na estante e o agitava diante dos meus olhos (…)”

Os Enamoramentos, Javier Marías

A frase acima pertence ao romance Os Enamoramentos, do escritor espanhol Javier Marías. O livro em questão é “O Coronel Chabert”, de Honoré de Balzac que recebi da Companhia das Letras como parte integrante do livro de Javier Marias. Não sei se há uma ligação maior entre esse livro de Balzac e Os Enamoramentos, pois li primeiro o livro de Balzac, o clássico, e é dele esse post.

Coronel Chabert é um homem que sobreviveu à guerra, porém toda a sociedade acredita que ele morreu, inclusive sua mulher que, já casada com outro, vai às gargalhadas quando lhe contam que o seu primeiro marido na verdade está vivo. O coronel, desesperado, procura um advogado para reaver os seus direitos e, principalmente, a sua identidade. E movido pela curiosidade, o advogado aceita o caso.

O coronel Chabert

A trama é curta, tudo se passa em torno da solução do caso de Chabert, não há outras histórias paralelas, o que configura a obra como uma novela, apesar de eu ter lido em alguns sites que se trata de um romance. Mas não pode ser, pois um romance necessita de uma quantidade maior de ambientes e personagens.

Durante a leitura, o que mais me agradou foi a linguagem simples de Balzac, infelizmente nós temos aquela terrível visão de que ler uma obra clássica pode causar uma certa dificuldade, puro engano. A linguagem do escritor francês é muito clara, bonita e redonda: nada sobra, nada falta. E deve ser por isso (e muito mais, claro), que Balzac foi referência para muitos outros escritores, como Proust, Dickens, Dostoyevsky, Flaubert, Henry James, Machado de Assis, Castelo Branco e outros.

Ele é considerado um dos fundadores do Realismo, e um de seus romances mais famosos é “A mulher de trinta anos”, escrito entre 1831 e 1832. Daí que surgiu a expressão “balzaquiana”.

Vou ler “Os Enamoramentos”, livro escrito em 2011 e que comenta sobre um clássico, o que deixa os meus olhos mais atentos, afinal, ler um clássico e tê-lo como referência, por mais simples que seja, traz a qualquer obra um sabor maior, como se fosse um passo mais certeiro, mais firme e consistente, rumo à nova literatura, à nossa, dos dias de hoje.

Qual a necessidade de ler os clássicos?

Uma das perguntas sobre literatura é em relação à necessidade de ler os clássicos. A minha resposta é: você deve ler os clássicos porque é lá o começo de tudo. Raramente iremos encontrar uma obra boa desprovida de qualquer influência de um grande nome da literatura. Isso se chama pegar o bonde certo, na hora certa. Quem não lê os clássicos até pode conseguir desvendar os mistérios da literatura (o que considero extremamente difícil), mas não vai ser num lugar confortável, vai ser em pé, sem poder sentar na janela, dar tchauzinho e curtir a paisagem.

“O melhor de ler os clássicos é descobrir que tem um que você ainda não leu. Eu mesma estou economizando alguns pra ler quando ficar velhinha e carente”
Moema Cavalcanti, design gráfica

“Por que ler os clássicos? Porque em todos eles, sem exceção, sempre encontrei as grandes perguntas para as minhas pequenas respostas. E as simples, claríssimas respostas para as minhas imensas perguntas. E quanto mais leio ou releio os clássicos, novas perguntas surgem. Novas respostas também. Gostaria apenas que isso não terminasse nunca.”
Antonio Barreto, escritor

Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos.
Italo Calvino

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