O que eu sabia sobre Zelda Fitzgerald: mulher de Francis Scott Fitzgerald, foi escritora, bebia demais. Esta Valsa É Minha, o único romance que ela escreveu, é simplesmente maravilhoso, e eu não imaginei que iria gostar tanto do livro. Adoro quando isso acontece.

    O romance é sobre um casal de artistas americanos, Alabama e David, que, assim como ela e seu marido na vida real, viveram com muita intensidade tudo o que a vida ofereceu. É um romance autobiográfico, mas também um registro incrível sobre a vida dos artistas e, principalmente das mulheres, que fizeram parte da “Era do Jazz”.

    Um hospital psiquiátrico como cenário

    A história foi escrita durante o período em que Zelda esteve num hospital psiquiátrico. Foram 6 semanas de escrita, como parte do tratamento. No texto, além de diversão e sorriso, o leitor também tem que estar preparado para sentir melancolia, desolação e exaustão, assim como a personagem principal Alabama Knight.

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    Esta Valsa É Minha, o único romance que Zelda Fitzgerald escreveu

    No primeiro capítulo Alabama ainda é uma garotinha que apenas assiste suas irmãs desempenharem seus papéis considerados femininos: obedecer ao pai, fazer um bom casamento, não ter ideias próprias. E ela, uma criança que já mostra uma atitude diferente, divide com a mãe seus desejos diistantes dos tradicionais, que, com medo do próprio marido, tenta controlar a situação.

    O tempo passa, Alabama casa-se com David, por paixão apenas. Mas David, um homem não adepto às boas maneiras, consegue se casar com Alabama porque faz o pai dela acreditar que ele tem um bom saldo bancário.

    David é um artista plástico que rapidamente se torna famoso, por conta do resultado do seu trabalho. Alabama, ainda perdida na profissão, fica apenas vivendo à sombra do marido que, sempre juntos, frequentam festas e mais festas e bebem como se não houvesse amanhã.

    Paris, um clássico

    É em Paris que um mundo novo se mostra para Alabama, pois ela descobre a sua grande paixão, o balé. E mesmo sendo considerada velha para iniciar na dança, ela doa todo o seu tempo para se tornar uma bailarina. Os melhores momentos do livro estão justamente neste período da família Knight em Paris junto com todo o empenho de Alabama com a dança. E quando me refiro a melhores momentos, não quero dizer sobre um mundo cor de rosa, pelo contrário, é durante esta fase que Alabama e David se revelam melhores e também piores, num dueto difícil de compreender, como também acontece com todos nós.

    Quando o livro chegou no último capítulo, eu diminui o ritmo da leitura para a história não acabar logo, pois é impossível não se envolver totalmente com ela. As cenas dos ensaios, do grupo de balé, a professora e tudo mais ainda estão muito claras para mim e isso é um grande mérito de Zelda Fitzgerald. O seu texto é extremamente bonito, enxuto sem ser vazio, intenso com simplicidade.

    Mulheres e ficção

    Um pensamento que esteve comigo durante a leitura foi em relação a presença das mulheres na ficção, conforme explica Virginia Woolf no livro Um Teto Todo Seu. Nós leitores precisamos olhar com toda dedicação para os livros escrito por mulheres. Esse cuidado permite, além de uma experiência de leitura mais completa, uma visão profunda da profissão Escritora e da condição da mulher na sociedade, desde os primórdios aos dias de hoje.

    Livros como Esta Valsa é Minha estão aí para provar o quanto o caminho literário feio por mulheres é maravilhoso e intenso. E sobre Zelda Fitzgerald, mulher incrivelmente inteligente, é difícil de acreditar que ela escreveu um texto tão lúcido num hospício.

    Por fim, a pergunta que fica é: qual é o limite entre genialidade e loucura?

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