“Serena”, obra de Ian McEwan, mergulha na psicologia das relações humanas, explorando os segredos que corroem. Publicado em 2012 no Brasil, o livro cativa com a escrita precisa de McEwan, conduzindo o leitor aos bastidores do universo da literatura.
Meu primeiro Ian McEwan foi “O Jardim de cimento”, um ano depois fiz uma leitura estranha de “Reparação”. E hoje terminei de ler “Serena”, o novo romance do escritor britânico que teve lançamento mundial no Brasil (Companhia das Letras, tradução e Caetano W. Galindo).
Serena é uma garota universitária que faz um curso que não gosta para agradar a mãe, que tem medo da filha se tornar dona de casa. Em meio a um ambiente machista, ela até considera interessante ser estudante de Matemática, porém, como nunca foi um sonho de estudo, Serena Frome (“a pronúncia é Frum”) conclui o curso sem brilhantismos e destaques. E para aguentar um ambiente tão diferente do seu desejo de ter estudado Letras, os livros a acompanharam por todo o período universitário e também o caso amoroso com um homem mais velho, que a ensinou a gostar de literatura e a entender de política e economia.
Sem grandes ambições, seguindo a linha “carpe diem”, Serena é uma mulher que diz sim às oportunidades. E assim, quando ela tenta descobrir porque o seu amante a abandonou, aceita o trabalho no MI5 e passa a fazer parte de um grupo de espionagem que põem em destaque revelações literárias, por meio de um bom salário mensal para que o artista se sinta livre para criar, sem se preocupar com algum outro trabalho, a não ser escrever.
Serena é a mulher responsável por realizar o primeiro contato com o escritor e convencê-lo da excelente oportunidade de fazer parte de um grupo selecionado de escritores proeminentes. É neste ponto que mora a mentira de Serena que, apaixonada pelo escritor que ela convenceu a fazer parte do projeto “cultural”, sua vida é transformada. Antes, a garota que não sabia por que estudou Matemática, passa a ter como trabalho o que mais gosta de fazer: estar perto da literatura, ler.
“Eu era a mais simples das leitoras. Só queria o meu mundo, comigo dentro, devolvido para mim de maneiras artísticas e de uma forma acessível”
T.H. Healy é um escritor de imagem frágil, um professor que se sente preso ao trabalho, impedido de exercer sua profissão de forma completa e significante. Porém, alguns contos dele já estão na mídia e causam boas impressões, principalmente à Serena, a menina que fez o curso que sua mãe escolheu, que teve um amante porque era a pessoa que falava sobre livros com ela, que aceitou o primeiro emprego porque estava curiosa, passa a amar Tom H. Healy como se ele fosse a única chama acesa que apareceu no horizonte de sua monótona vida: ela divide a casa com meninas que ela não se identifica e acabou de levar um fora de seu amigo de trabalho, o Max, que passa a ter um papel importante nessa história de espiões e literatura.
A metaliteratura
Chamamos de metaliteratura quando uma história conta sobre a própria história. No caso Serena, é um romance sobre o próprio romance. Não é novidade esse estilo de composição e justamente por isso Ian McEwan prova seu poder literário, pois fez de Serena – personagem, romance e literatura; espiã, amante e inspiração – mais uma obra que vai morar nas prateleiras dos grandes livros literários de sempre.
Leia as resenhas dos outros livros do autor:
- Solar, Ian McEwan
- O jardim de cimento (Ian McEwan)
- Sábado (Ian McEwan)
- O inocente (Ian McEwan)
- Amor Sem Fim (Ian McEwan)
- O Sonhador (Ian McEwan)
- Meu livro violeta (Ian McEwan): dissimulações de artistas egocêntricos
Respostas de 5
Bacana! Vou anotar esse!
Beijos
Incluído na lista das futuras não tão distantes leituras. *-*
computado para minha lista de preciso ler..
Quero muito ler.
bjs
Gostei mais de Solar. .-. Mas o melhor mesmo é Reparação.