O Dia do Curinga, de Jostein Gaarder, traz a jornada de Hans-Thomas em uma Noruega mágica e filosófica, cheia de questionamentos existenciais. A resenha destaca a riqueza das metáforas e o estilo único do autor, mas aponta que a narrativa pode ser densa e pouco envolvente em alguns momentos, o que pode afastar leitores que buscam uma leitura mais leve. Uma obra indicada para apreciadores de filosofia, mas que talvez não conquiste a todos.
De Jostein Gaarder, eu já tinha lido O mundo de Sofia, Através do Espelho e A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken, de maneira que posso afirmar que já conheço seu estilo narrativo e não tive aquela sensação de surpresa e arrebatamento que procuro despertar em meu interior sempre que abro um livro. Em palavras mais simples, o livro não me surpreendeu, mas me agradou em partes.
O enredo
O livro conta a história de Hans-Thomas, uma garoto que sai da Noruega com o pai e viaja até a Grécia a fim de encontrar a mãe que os abandonou. No trajeto, Hans e o pai param num posto de gasolina e lá o menino é presenteado por um anão com um pedaço de vidro. O anão explica ao pai do menino o caminho que os levará até a cidade mais próxima. Chegando nessa cidade, Hans vai até uma padaria onde novamente, recebe um presente de um estranho: um pãozinho com um livrinho dentro.
Mais tarde, Hans descobre que o pedaço de vidro e o livro em miniatura eram mais do que aparentavam ser. Assim, mergulha em uma aventura completamente diferente de tudo que já viveu e descobre que o livro e o vidro estão relacionados com sua própria vida.
Um livro sobre um livrinho…
Os capítulos de O dia do Curinga são divididos a partir do ponto em que Hans obtém o livro em miniatura. Assim, a história de Hans é intercalada com a história do livrinho misterioso. Em um capítulo, Hans narra diálogos filosóficos com o pai e descreve os lugares; em outro, revela a narrativa oculta no livrinho.
A leitura me agradou, principalmente pelas questões filosóficas abordadas, como neste trecho::
– Talvez exista um Deus que nos entenda. – disse eu.
(O dia do Curinga, pág. 155)
Meu pai ficou surpreso com o que eu disse. Acho que o fato de eu ter feito um comentário tão inteligente o deixou muito impressionado.
– Sim, é possível – concordou. – Mas nesse caso ele seria tão terrivelmente complexo que seria difícil que conseguisse entender a si mesmo.
Tirando esses trechos que abordam a filosofia típica de Gaarder, não posso dizer que tive um aproveitamento completo da leitura. A história previsível demais e penso que isso acontece comigo pelo fato de eu já ter lido muitas coisas. É como se fosse tudo mais do mesmo, nada surpreendente.
Deixando a crítica de lado, continuo gostando de Gaarder e acho que seus livros podem ser mais proveitosos para um adolescente ou uma criança que está começando a se aventurar pela literatura. Sempre digo que literatura não tem idade, mas acredito que certos livros trazem consigo a magia de determinada faixa etária.
Eu, por exemplo, sou fã da série Harry Potter e já li todos os livros diversas vezes na adolescência. Não releio há anos, pois tenho medo de me decepcionar. Quando li HP pela primeira vez, tive um aproveitamento diferente da obra, a compreensão de uma leitora de onze anos, ou seja, descobri um mundo mágico. Hoje sou uma leitora muita mais crítica e posso ler com toda essa criticidade, de modo que prefiro guardar a lembrança daquele mundo maravilhoso de J. K. Rowling do que ler de novo e descobrir que não era bem o que eu imaginava.
E enquanto fiquei parado ali, observando o céu ir mudando de cor, primeiro cada vez mais vermelho e depois cada vez mais claro, experimentei uma coisa que jamais havia experimentado antes; um sentimento que desde então nunca mais me deixou: lá estava eu na frente da janela da cabine de um navio, eu, um ser enigmático, vivo, mas que apesar disso nada sabia de si. Experimentei a sensação de ser uma criatura viva num planeta vivo dentro de uma Via Láctea.
(O dia do Curinga, pág. 149)
Respostas de 2
O livro me surpreendeu positivamente, arrisco a dizer que é um dos melhores que já li. Como dito na crítica, principalmente pela parte filosófica e existencialista que ele trata. É um livro para degustar, ler as poucos e pensar sobre o que o autor fala. Pelo menos pra mim, dessa forma funcionou perfeitamente.
Vale ressaltar que foi o primeiro e único livro que li do Gaarder, comecei o “Através do espelho” e o “Mistério de natal”, mas não me prenderam. Provavelmente por que, nesses dois, ele cita muito religião, o que para mim acaba deixando a filosofia um pouco de lado.
Agora estou com “O mundo de Sofia”, li apenas algumas páginas, me pareceu bem interessante, mas duvido que irá superar o Dia do curinga.
Super Recomendo,
Que bom que você gostou.
O Gaarder escreve bem. Tente dar uma outra chance para “Através do Espelho”, o livro melhora ao longo da narrativa.