O que Jane Eyre revela sobre coragem, amor e integridade

atualizado em 22/12/2025

Jane Eyre, de Charlotte Brontë, é daqueles romances que atravessam o tempo sem pedir licença. Não porque conta uma grande história de amor — embora conte —, mas porque coloca no centro da narrativa uma mulher que se recusa a viver de olhos fechados para a realidade.

Virginia Woolf escreveu que “precisamos saber como o mundo é”. Jane Eyre sabe. Desde cedo. E talvez seja exatamente por isso que esse romance, publicado em 1847, continue tão atual: ele não idealiza a vida, não suaviza a dor e não romantiza a submissão.

Uma infância dura — e formadora

Jane Eyre é órfã, pobre e criada em ambientes que não a acolhem. Ainda criança, experimenta rejeição, punição e solidão. Ao ser enviada para um colégio interno de condições precárias, sua infância se torna ainda mais árida — mas paradoxalmente é ali que Jane sente, pela primeira vez, algo próximo da liberdade.

Ela aprende a observar, a conter impulsos, a resistir. Aprende também a trabalhar. Aos 17 anos, torna-se professora no mesmo colégio em que estudou, recebendo um salário modesto e, sobretudo, o respeito que nunca tivera antes.

Essa fase da vida marca uma transformação importante: da menina intensa e rebelde (com razão), Jane passa a ser uma jovem contida, mas não apagada. A chama permanece. E com ela, o desejo de ir além.

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Capa do livro Jane Eyre, de Charlotte Brontë
Edição comentada e ilustrada da Editora Zahar Amazon

O impulso de partir: quando a coragem se manifesta

Jane Eyre não aceita a vida como algo dado. Mesmo relativamente segura, sente que precisa atravessar fronteiras — geográficas e internas. Decide, então, anunciar no jornal a busca por um novo trabalho.

A resposta vem de Thornfield Hall: uma casa grande, um salário melhor e a função de governanta de Adèle, uma menina francesa. Jane parte. Sem garantias. Sem ilusões. Mas com a coragem silenciosa de quem sabe que ficar também pode ser uma forma de se perder.

Thornfield: cenário, mistério e limites

A Inglaterra do século XIX surge no romance com caminhos de terra, carruagens, campos abertos e paisagens descritas com precisão. Jane Eyre narra tudo em primeira pessoa, o que intensifica a sensação de intimidade e vigilância.

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Em Thornfield, ela conhece Mrs. Fairfax, Adèle e, sobretudo, Mr. Rochester (figura central do romance). Mas mais do que personagens, a mansão representa limites: sociais, morais e emocionais. Há algo ali que não se revela por completo. Jane sente. Sonha. Pressente.

E o leitor sente junto.

Um romance de amor, mas não só…

Sim, Jane Eyre é um romance de amor. Jane se apaixona por Mr. Rochester: vinte anos mais velho, irônico, orgulhoso, cheio de segredos. Ela mesma o descreve como feio — e reconhece em si traços semelhantes. É nesse espelhamento que a relação ganha força.

Os diálogos entre os dois são afiados, inteligentes, cheios de tensão e humor. Não há idealização ingênua. Há confronto. Há igualdade possível dentro de um mundo que insiste em negá-la.

Mas Jane Eyre nunca se resume ao amor romântico. O livro pergunta, o tempo todo:
até onde uma mulher pode ir sem trair a si mesma?


“Que nunca andara neste mundo louco maior do que Jane Eyre, que nunca maior idiota fantasista se enganara a si próprio com mentiras e falaciosas nem engolira tanto veneno como se fosse néctar.” (p. 200)

Por que Jane Eyre continua sendo um clássico necessário

Os mistérios que rondam Thornfield ameaçam a felicidade de Jane. E é nesse ponto que o romance revela sua força maior. Jane Eyre não escolhe o caminho mais fácil. Escolhe o mais íntegro.

Ao terminar o livro, a pergunta surge quase sozinha:
por que eu demorei tanto para ler isso?

Jane Eyre entrou para minha lista dos grandes clássicos não apenas pela qualidade literária, mas por mostrar, em uma personagem do século XIX, algo essencial para qualquer mulher moderna: coragem. A coragem de ver o mundo como ele é — e ainda assim escolher como viver.

Assista ao vídeo-resenha no canal Livro&Café:

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Perguntas frequentes sobre Jane Eyre

Quem escreveu Jane Eyre?
Jane Eyre foi escrito por Charlotte Brontë e publicado em 1847. O romance é um dos grandes clássicos da literatura inglesa do século XIX.

Sobre o que é o livro Jane Eyre?
O livro acompanha a trajetória de uma mulher órfã e pobre que enfrenta uma infância dura, constrói sua autonomia e se recusa a abrir mão de seus valores, mesmo diante do amor.

Jane Eyre é apenas um romance de amor?
Não. Embora exista uma história de amor central, o romance discute independência feminina, integridade moral, classe social e a coragem de fazer escolhas difíceis.

Por que Jane Eyre ainda é atual?
Porque apresenta uma protagonista que pensa, questiona e age com autonomia. Jane Eyre enfrenta dilemas que seguem presentes na vida moderna, especialmente para as mulheres.

Por onde começar a ler Charlotte Brontë?
Jane Eyre é o melhor ponto de partida para conhecer a obra de Charlotte Brontë, pois reúne força narrativa, profundidade psicológica e temas universais.

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Imagem: Biography.com

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