Edgar Allan Poe: o criador da ficção policial

Sou fã do gênero policial e desde quando comecei a ver a série “Sherlock Holmes”, decidi ir a fundo no gênero. Assisto muito seriado, mas não tinha o hábito de ler livros do estilo.  Acabei criando uma meta: em 2014 vou ler mais literatura policial!

Por onde começar? Bem, pelo início, por Edgar Allan Poe considerado o criador do gênero ficção policial.

Poe nasceu em Boston em 1809. Ficou órfão ainda jovem, foi adotado informalmente por Francis Allan e John Allan. Se alistou nas forças armadas, teve problemas com bebidas, casou com sua prima de 13 anos,Virginia Clemm.  Foi escritor, poeta e crítico literário.

Os assassinatos na Rua Morgue

Em 1841, Poe escreveu o conto “Os assassinatos na Rua Morgue”, em que conhecemos o primeiro detetive da ficção, C. Auguste Dupin. Além desse conto, Dupin aparece em apenas mais 2: “Mistério de Marie Rogêt” e “A carta roubada”.

Edgar Allan Poe

Os contos são bastantes ricos – não esqueço das linhas sobre xadrez e dama em “Os assassinatos na rua Morgue” ou sobre a análise do possível afogamento de Marie em “Mistério de Marie Rogêt”. O que chama atenção é a inteligência, a forma como Dupin enxerga cada detalhe para solucionar um caso. Os dois últimos contos são bem parados, mas o suspense e a pergunta “como ele chegou a essa conclusão?” inquietam e fazem a leitura fluir. No conto “Os assassinatos na rua Morgue” nos deparamos com o improvável e foi o que mais gostei de ler.

O conto “Os assassinatos na Rua Morgue” é narrado por um homem que ao viver em Paris conhece Dupin, nutre uma amizade pelo jovem cavalheiro inteligente e ambos decidem que após aquele encontro vão passar o restante da estadia na cidade juntos.

Nesse conto, Dupin vai desvendar o mistério dos assassinatos da Madame L’Espanaye e sua filha Mademoiselle Camille L’Espanaye, o caso chama atenção dos dois amigos após a leitura da manchete em um jornal. Dupin duvida dos métodos utilizados pela polícia francesa para investigar qualquer crime e com seu próprio método de investigação –  baseado na dedução, na habilidade de observar profundamente os fatos e de pensar como os envolvidos no mistério –   desvenda o caso que tanto atormentava a polícia e a sociedade da época.

“Não devemos julgar pelos meios – disse Dupin – mediante uma investigação tão superficial”. [ p. 30]

“A verdade nem sempre está no fundo de um poço. Na verdade, em relação ao que mais importa se conhecer, acredito que ela é superficial. A profundidade está nos vales onde a procuramos, e não nos topos das montanhas onde ela é encontrada”. [p. 31]

“(…)Em investigações como esta que estamos fazendo, não se deve perguntar ‘o que aconteceu’, mas sim ‘o que aconteceu desta vez que nunca aconteceu antes’. Na verdade, a facilidade com a qual eu chegarei, ou já cheguei, à solução deste mistério está na razão direta de sua aparente insolubilidade aos olhos da polícia”. [ p. 35]

Mistério de Marie Rogêt (1842 –  Coleção 64 páginas da L&PM Pocket versão digital)

Dupin investiga um antigo caso, o assassinato da bela jovem Marie Rogêt, cujo corpo foi encontrado em um rio,  apenas utilizando informações de jornais locais que noticiaram o fato na época. Mais uma vez o crime que intrigava a polícia e a sociedade parisiense é solucionado de uma forma peculiar pelo detetive.

“Um dos erros mais comuns das investigações é limitar o inquérito ao imediato, desconsiderando totalmente os eventos colaterais ou circunstanciais”.

A Carta Roubada (1844 – Coleção Leitura da editora Paz e Terra)

O mistério da vez é o roubo de uma carta de grande importância para a realeza. O delegado Monsenhor G sabe quem foi o autor do roubo, mas após várias buscas não conseguiu encontrar a carta e pede ajuda a Dupin.

O detetive impressiona não só ao amigo narrador e o delegado como ao leitor, pois quando o Monsenhor G fala que pagaria para quem o ajudasse a solucionar o caso, o detetive diz para o policial assinar e entregar o cheque porque já estava com a carta em mãos. Todos ficam curiosos e ele começa a relatar como recuperou a carta das mãos do Ministro D.

“Na sabedoria, nada mais odioso que julgar-se sábio” –  Sêneca [p. 63]

Se você gosta de literatura policial, vale a pena conhecer as obras de quem deu início ao gênero!

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