O Processo é um livro escrito por Franz Kafka e publicado após a sua morte, em 1925. Nele, novamente vamos ter o personagem Josef K., presente também no livro O Castelo. Mas, em vez de K. procurar as autoridades, são elas que o procuram para dizer que ele está detido. Apenas isso, deixando o motivo para tal detenção muito longe de ser esclarecido, o que deixa o personagem e o leitor totalmente angustiados.
Publicado por um amigo de Franz Kafka, o livro não está completo, mas mesmo assim é uma obra importante para todo fã kafkaniano e também para a história da literatura. A realidade, que fica nos sentimentos do personagem principal, se misturam com situações absurdas, sonhos e delírios.
Assim como em A Metamorfose, tudo começa pela manhã, ao despertar. Há então dois homens aguardando K. para avisá-lo sobre o tal processo judicial que ele irá enfrentar. O personagem, assustado, pensa que irá para a cadeia, mas logo entende que não será preciso, como se ele estivesse num regime aberto. E começa assim a aventura de K. para, primeiro, conseguir informações sobre o motivo de seu envolvimento com a justiça e, depois, já acostumado com a ideia de ter um processo para enfrentar, ele decide procurar pessoas que possam ajudá-lo a sair inocente do processo.
O livro é uma conversa de louco, pois os personagens reagem com certa naturalidade perante a notícia de K. estar sofrendo um processo, ninguém pergunta sobre os motivos, mas cada um, à sua maneira, se mostra solidário à questão, mesmo sem conseguir ajudar. Neste ponto é onde mora a maior agonia da leitura, pois cada diálogo representa uma tentativa de comunicação sem sucesso.
10 capítulos que prendem o leitor
Dividida em 10 capítulos, a história prende o leitor por trazer dúvidas sobre existir ou não tudo que a compõe. O próprio tribunal parece um lugar estranho e sinistro, como se não pertencesse ao governo. Muitas escadas, porões e pessoas sinistras fazem parte do cenário. Por outro lado, também temos K. apenas admirando as estrelas e apaixonado por uma mulher, pequenas gentilezas e diálogos de uma vida simples, que tinha tudo para ser normal.
O mais curioso da obra é que, por Franz Kafka não a ter terminado, conseguimos ver várias lacunas, mas que acabam colaborando para a força literária da própria obra. O capítulo 8, por exemplo, encerra-se com um aviso: “este capítulo não foi concluído”, o que deixa o leitor zonzo, assim como deveria estar o próprio K., pelo silêncio trágico que recebe toda vez que tenta compreender e se livrar do sério problema em ter um processo.
É possível também pensarmos sobre o processo criativo de Franz Kafka. Por que ele não terminou o Capítulo 8 e decidiu escrever os capítulos seguintes? Será que a ideia para o final da obra veio neste momento e que, por medo de perdê-la, abandonou o capítulo para se dedicar ao final, mas depois voltaria para concluir algo que, na cabeça dele, já estava bem resolvido? Será que ele escreveu o final do capítulo 8, mas perdeu? Ou não gostou e jogou no lixo?
Assim como K., o leitor também se transforma numa pessoa desesperada por respostas, mas, depois que a leitura termina e a euforia de ter lido um livro tão incrível passa, percebemos a grande crítica à burocracia que o autor fez. Para sempre lembraremos de K., para sempre faremos perguntas, para sempre não teremos respostas.
Respostas de 2
Oi! Estou adorando teu site!!!
Já li esse livro, quando fazia o curso de Direito. Foi muito interessante porque, com a leitura dele é possível ver a importância dos princípios de direito, do devido processo legal, contraditório, ampla defesa, presunção de inocência, celeridade, dignidade da pessoa humana, etc.
É sensacional a história! E completamente revoltante e angustiante quando se está lendo (rsrs). Recomendo também!
Beijos
Oi, Bibiana!
Eu sempre indico Kafka para quem quer ler um livro angustiante! rs
Além de tudo, é um super clássico da literatura, muito bem escrito, repleto de camadas. Quanto mais a gente lê, mais detalhes conseguimos atingir na história, o que nos dá uma grande satisfação. Amo!!!
Seja bem-vinda, volte sempre!! 🙂