O assassinato de Roger Ackroyd, publicado em 1926, é um livro que sempre aparece como um dos melhores de Agatha Christie. A trama, muito complexa e instigante, se passa numa pequena vila inglesa que, novamente, contava com a presença do detetive Hercule Poirot, que alugou uma casa para curtir sua tranquila aposentadoria. Porém, duas mortes estranhas acontecem, que tiram o detetive de sua tentativa de descanso, para a tristeza e desespero do criminoso.
Como é comum em pequenas vilas, todos as pessoas se conhecem, seja por empatia, amizade ou fofoca. Então, quando Poirot chega ao local, decide usar o seu sobrenome de um modo diferente, para despistar qualquer curiosidade sobre ele que, naquele momento, já era considerado um detetive muito famoso.
O primeiro contato dele, então, é com os vizinhos e irmãos James Sheppard, o médico da cidade, e Caroline Sheppard, conhecida como uma das pessoas mais fofoqueiras do local.
Caroline Sheppard é realmente uma personagem muito interessante, pois o próprio Poirot assume uma certa admiração por ela ter uma mente aguçada, capaz de compreender a natureza humana, de forma a, quase sempre, acertas sobre os motivos e atitudes de certas pessoas da cidade. E o seu irmão, James Sheppard, além de ser o narrador da história, vai acompanhar Poirot na busca do assassino de Roger Ackroyd, um senhor viúvo e muito rico que é encontrado morto em seu escritório, após ler uma carta de Dorothy Ferrars, que se matou na noite anterior por envenenamento.
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Uma carta misteriosa
O mistério é sobre o conteúdo da carta. O que Sra. Ferrars escreveu ali de tão grave que acabou por tirar a vida do homem que, no futuro, poderia ser o seu marido? James Sheppard, ao encontrar o corpo do amigo a carta havia sumido do escritório, a janela estava aberta e, segundo o mordomo, o sofá estava numa posição diferente. E foi Poirot, claro, que percebeu o detalhe que a lareira havia sido acesa, ou seja, a carta misteriosa foi destruída ali mesmo, no local do crime.
Na casa de Roger Ackroyd morava também alguns parentes, todos interessados na fortuna dele, porém, era sabido que a maior parte de sua fortuna iria para o seu filho adotivo que, assim que soube da notícia da morte do pai, foge.
Então, a história traz vários suspeitos e algumas pequenas situações paralelas se desenrolam, como a descoberta de uma paixão, que recebe ajuda de Poirot para se concretizar; uma mãe angustiada por ver o filho perdido nas drogas e um casamento secreto.
O Assassinato de Roger Ackroyd é uma história complexa
Dos poucos romances de Agatha Christie que eu li, sem dúvida esse tem a história mais complexa e é muito difícil escrever e falar sobre o livro sem revelar o assassino, mas eu preciso deixar registrado aqui que, pela primeira vez, eu descobri quem era.
Entretanto, o mais interessante é que a descoberta se deu porque estou estudando Teoria da Literatura, e aprendi algumas coisas que me deixaram muito atenta num elemento importante da história. E não posso escrever mais nada para não estragar a leitura de quem ainda não leu O Assassinato de Roger Ackroyd.
Dizem que um escritor de romances policiais tem uma grande dificuldade em fazer, hoje em dia, uma história surpreendente, pois tudo parece que já foi feito por Agatha Christie. O Assassinato de Roger Ackroyd é a prova disso e também o quanto a escritora dominava o estilo e conhecia as infinitas formas de contar uma boa história.
Ao terminar a leitura, o leitor terá a certeza de ter lido o melhor de Agatha Christie.