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12 dicas de Pablo Neruda para um jovem poeta

Ler Pablo Neruda é um presente que todo leitor pode dar a si mesmo. Conhecer 12 dicas de Pablo Neruda para um jovem poeta é um grande presente também!

As dicas abaixo foram selecionadas do livro de memórias “Confesso que vivi”, publicado pela primeira vez em 1974, pelo poeta Pablo Neruda.

O livro possui um conteúdo belíssimo que, além de dicas para jovens profissionais das palavras, revela o quanto foi grandiosa a vida de um dos poetas mais importantes do século XX.

dicas de Pablo Neruda para um jovem poeta

1. A solidão

“O escritor jovem não pode escrever sem esse estremecimento de solidão, ainda que seja fictício, assim como o escritor maduro não fá nada sem o sabor do convívio humano, de sociedade” (p. 109)

2. Não é só ter estilo…

“O homem não é só estilo. É também o que o rodeia e, se a atmosfera não entra dentro do poema, o poema está morto – morto porque não pôde respirar” (p. 115)

Leia a resenha Últimos poemas (O mar e os sinos) – Pablo Neruda

3. Um ato de paz

“A poesia é sempre um ato de paz. O poeta nasce da paz como o pão nasce da farinha” (p. 162)

4. Buscar o rio, mesmo congelado

“O escritor tem que buscar o rio e, se o encontra gelado, precisa perfurar o gelo. Deve esbanjar paciência, suportar a temperatura e crítica adversa, desafiar o ridículo, buscar a corrente profunda, lançar o anzol justo, e depois de tanto trabalho tirar um peixinho mínimo. Porém deve voltar a pescar, contra o frio, contra o gelo, contra a água, contra o crítico, até recolher cada vez uma pescaria maior” (p. 234)

5. O encontro com o imprevisto

“É preciso caminhar na escuridão e se encontrar com o coração do homem, com os olhos da mulher, com os desconhecidos das ruas, dos que a certa hora crepuscular ou em plena noite estrelada precisam nem que seja de um único verso… Esse encontro com o imprevisto vale pelo tanto que a gente andou, por tudo o que a gente leu e aprendeu… É preciso perder-se entre os que não conhecemos para que subitamente recolham o que é nosso da rua, da areia, das folhas caídas mil anos no mesmo bosque…, e tomem ternamente esse objeto que nós fizemos… Somente então seremos verdadeiramente poetas… Nesse objetivo viverá a poesia.” (p. 306)

6.  Uma rebelião!

“As coisas mudaram porque o mundo mudou. E nós os poetas, inopinadamente, encabeçamos a rebelião da alegria. (…) Nós, os poetas, temos o direito de ser felizes, uma vez que estamos ferreamente unidos a nossos povos e à luta pela felicidade.” (p. 309)

7. Combater o próprio ensimesmamento. 

“Como poeta ativo combati meu próprio ensimesmamento. Por isso o debate entre o real e o subjetivo foi determinado dentro do meu próprio ser. Minhas experiências podem ajudar, sem pretensões de aconselhar ninguém.” (p. 310)

8. Respiração e sangue

“Quem institui os versos mais curtos ou mais longos, mais delicados ou mais largos, mais amarelos ou mais vermelhos? O poeta que os escreve é quem o determina. Determina-o com a respiração e com o sangue, com sua sabedoria e com sua ignorância porque tudo isto entra no pão da poesia.” (p. 312)

9. Ser ou não ser realista?

“O poeta que não seja realista está morto. Mas o poeta que seja somente realista está morto também. O poeta que seja somente irracional será entendido só por si mesmo e por sua amada – e isto é bastante triste. O poeta que seja só um racionalista será entendido até pelos asnos – e ito é também sumamente triste. Para tais equações não existem cifras no quadro negro, não há ingredientes decretados por Deus nem pelo Diabo, mas sim que estes dois personagens importantíssimos mantêm uma luta dentro da poesia e nesta batalha vence ora um e ora outro, mas a poesia não pode ficar derrotada.” (p. 312)

10. Trevas e luz

“A inclinação profunda do homem é a poesia e dela saiu a liturgia, os salmos e também o conteúdo das religiões. O poeta ousou contra os fenômenos da natureza e nas primeiras eras se intitulou sacerdote para preservar sua vocação. Daí que na época moderna o poeta, para defender sua poesia, tome a investidura que as ruas e as massas lhe conferem. O poeta civil de hoje continua sendo o poeta do mais antigo sacerdócio. Antes compactuou com as trevas e agora deve interpretar a luz” (p. 312)

Resenha: O coração amarelo

11. A cultura e a vida social

´”É essencial conservar a diretriz interior, manter o controle do cresci-mento que a natureza, a cultura e a vida social ocasionam para desenvolver as excelências do poeta” (p. 313)

12. A espontaneidade dirigida

“Creio na espontaneidade dirigida. Para isto são necessárias reservas que devem estar sempre à disposição do poeta, digamos em seu bolso, para qualquer emergência. Em primeiro lugar, a reserva de observações formais, virtuais de palavras, sons e figuras, dessas que passam perto da gente como abelhas. É preciso caçá-las de imediato e guardá-las no bolso interno. Sou muito preguiçoso neste sentido mas sei que estou dando um bom conselho. Maiakovski tinha u caderninho e corria incessantemente para ele. Existe também a reserva de emoções. Como são guardadas? Tendo consciência delas quando surgem. Logo, diante do papel, recordaremos essa nossa consciência mais vivamente do que a emoção em si” (p. 313)

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