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Caminhos Cruzados (Érico Veríssimo): olhares para si e para a literatura

“A vida, prezado leitor, é uma sucessão de acontecimentos monótonos, repetidos e sem imprevisto. Por isto alguns homens de imaginação foram obrigados a inventar o romance.” (Caminhos Cruzados, Erico Verissimo)

Caminhos Cruzados, escrito por Erico Veríssimo (1905 – 1975) foi publicado em 1935 e chocou a época, pois o livro foi considerado imoral, subversivo e comunista (viva Marx!). Tudo porque a história que o autor nos conta – brilhantemente, é sobre a hipocrisia da sociedade brasileira e burguesa (nada de novo no fronte!).

Caminhos cruzados

O escritor deve ser sempre lembrado como um dos nomes mais importantes da nossa literatura, pois ele conseguiu quebrar muitas barreiras dentro do universo da literatura. O romance urbano, que revela personagens tão interessantes, também deve ser apreciado por sua linguagem transgressora.

Em Caminhos Cruzados, a história acontece em cinco dias e somos apresentados a diversos personagens e seus dramas particulares, mas que se cruzam em algum momento e revelam contrapontos, como a riqueza e a pobreza.

O personagem Clarimundo Roxo

A narrativa começa e termina com o personagem Clarimundo Roxo, um escritor e também professor (ele ensina matemática, latim, francês e inglês) que não sabemos se vai conseguir escrever o livro, se será publicado ou fará sucesso. Isso, de alguma forma, mistura-se com o livro em si e o próprio autor, como se isso tudo justificasse a obra.

Curioso que muitos dizem que em Caminhos Cruzados não há personagem principal, mas eu, dentro do meu humilde universo literário, arrisco dizer que esse personagem é Clarimundo Roxo.

Ao contrário de outros personagens da obra, Clarimundo parece não perceber o seu isolamento do mundo. Ele é como uma pessoa que só consegue olhar para si, como se não fosse possível uma concepção do seu lugar naquela cidade, como pessoa mesmo, a vida social. Isso até causa um efeito divertido, mas é principalmente crítico porque a diferença entre o que o personagem enxerga é diferente daquilo que o próprio leitor pode ver.

A simultaneidade

Erico Verissimo era fã de Aldous Huxley e usou a técnica da simultaneidade inspirado na obra Contraponto, que ele traduziu. Com essa técnica, que está dentro do universo do Modernismo, é possível que elementos aparentemente sem relação uns com os outros, se conectem de uma maneira sutil, mas profunda. São dois acontecimentos, por exemplo, que ocorrem exatamente ao mesmo tempo no mesmo espaço físico do livro, porém, um será seguido do outro na leitura, mas o leitor conseguirá compreender a conexão. Outros autores que fizeram isso: James Joyce e Jorge Luis Borges.

LEIA TAMBÉM: Como entender a linguagem do Modernismo?

Então, para quem gosta de livros que mostrem muito além de bons personagens, Caminhos Cruzados pode ser uma ótima escolha, pois além da qualidade inquestionável da história em si, é possível viajar – e pirar, nessas concepções literárias, o que eu acho maravilhoso.

Onde comprar Caminhos Cruzados (Érico Veríssimo): Amazon

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