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Não é o gigantismo da frase… (ou conhecendo Elena Ferrante)

Elena Ferrante é o pseudônimo da renomada escritora italiana cuja identidade permanece desconhecida. Sua notoriedade alcançou destaque mundial com a Tetralogia Napolitana, composta por “A Amiga Genial” e seus sucessores, explorando a complexa amizade entre duas mulheres ao longo de décadas. Ferrante tece narrativas profundas, mergulhando nas nuances da experiência feminina e abordando questões sociais e políticas da Itália do pós-guerra. Sua escrita visceral e autêntica, permeada por uma prosa envolvente, conquistou leitores e críticos, solidificando seu lugar como uma das autoras mais influentes da literatura contemporânea.

“Era um ser feito de não sei que material, ferro, vidro, urtiga, mas vivo, vivo e com a respiração quentíssima que lhe saía do nariz e da boca.”

p. 20

Isso é Elena Ferrante no livro “A amiga genial“. É a descrição de um homem que a personagem-narradora, durante a sua infância, tinha muito medo, como se o homem fosse um monstro, um “ogro das fábulas”.

Elena Ferrante

Quando li esse pequeno trecho, fiz a imagem de um homem realmente medonho, grotesco e cheguei a imaginar o seu cheiro, uma mistura de óleo e ferro. Achei essa descrição tão forte que passei a admirar a escritora a partir de então. Porque eu acredito que a literatura bem feita é assim, consegue descrever detalhes de um jeito novo, diferente, fora do comum. É claro que há outros elementos importante numa narrativa para tornar o livro especial, mas também está nos pequenos detalhes a magia tão particular de cada escritor.

A importância de boas frases

No livro “Para ler como um escritor“, Francine Prose comenta sobre a importância de boas frases. Ela usa vários autores como exemplo, não usa a Ferrante, mas poderia. Para ela, “não é o gigantismo da frase, mas sim sua inteligibilidade que a torna tão digna…“. Em outro momento ela diz que também “não é o conteúdo – o sentido – da frase que nos prepara para o que está por vir, mas a chance de observar a mente de uma escritora.

Quando leio que uma pessoa é feita de “não sei que material, ferro, vidro, urtiga, mas vivo, vivo e com a respiração quentíssima que lhe saía do nariz e da boca“, é como se acontecesse um mergulho na imaginação do autor e esse presente – tão raro – quando encontrado, me dá aquela sensação de que estou lendo um grande livro.

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