O conto Segunda ou Terça é muito curto, mas possui uma beleza única que me faz perguntar de onde vem tanta beleza.
Virginia Woolf escreveu muitos contos, entre eles Segunda ou Terça.
Tudo se inicia com uma garça cruzando o céu londrino. Portanto, a impressão é que estamos nos olhos desse bicho e assim podemos visualizar toda a Londres, com suas belezas e encantamento de uma cidade grandiosa e movimentada.
O cenário
“(…) the sky veils her stars;
then bares them.”
Lentamente, como a aproximação de uma pássaro à terra, é possível ver uma senhora tomando chá, casacos de pele sobre a mesa e conversas banais. Apenas por um breve momento e, depois, voltamos a ser a garça esplêndida no céu. É simples.
A beleza do conto está em como é formado esse cenário, que se inicia grande, como o infinito do céu, a partir da garça, mas termina “espiando” detalhes de uma vida cotidiana.
assim, há uma profundidade muito bonita ali, quando após o movimento de uma cidade, em sua rotina, alguém deixa cair um livro. Talvez, como um momento de descuido ou sono, ou quem sabe o cansaço… e a garça indiferente a tudo isso, continua sua jornada.
A natureza
A garça pode ser uma representação da natureza, que, independente da vida cotidiana, sempre promove a sua magnitude. Nas últimas palavras, temos também o contraste de velar e revelar, como se isso fosse função da própria narrativa do conto. Uma breve cortina que se abre e fecha.
Outro pensamento que pode ocorrer ao leitor é a construção do fluxo de consciência, pois ele começa assim – leve como uma garça a se aproximar de uma personagem e, de repente, há um mergulho tão profundo e denso.
Entretanto, neste conto, parece ser apenas uma tentativa, como se a autora estivesse preparando o leitor para o que ela é capaz. Como se fosse um mágico, mas que decide deixar o seu melhor espetáculo para outro dia. Segunda ou terça?