O poço e o pêndulo é um conto de Edgar Allan Poe escrito em 1842. E assim como tantos outros contos do autor, a obra traz o medo psicológico do ponto de vista de um personagem que não está saudável em sua condição mental.
“Ah! Homens incansáveis! Homens diabólicos!” (p. 50)
A narrativa, que coloca o leitor junto do homem que está em um lugar escuro, fraco, tendo constantes desmaios e sem entender o que lhe está acontecendo, causa aquela sensação tão desconfortante que somente o bom suspense pode provocar.
À medida que a história se passa, alguns entendimento sobre o personagem-narrador, o leitor irá possuir, porém, as pinceladas de luz sobre a personagem, também vem carregadas de um medo real: a tortura.
“A lâmina descia – em um ritmo constante, aproximando-se. Eu experimentava um prazer perverso em contrastar sua velocidade descendente com a lateral. Para a direita, para a esquerda em um amplo movimento – e o som que produzia parecia o grito lancinante de uma alma condenada ao inferno” (p. 46)
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Metáforas e alegorias
O poço é o lugar onde o homem está. Um pêndulo desce lentamente para matá-lo. A tortura já acontece antes da lâmina atingi-lo, pois é por meio do desespero que se conquista a capa de ódio para tirar toda a humanidade de alguém.
Metáforas e alegorias explicam o conto. A inquisição é o causador da tortura. Ele, um soldado preso para ser torturado até a morte. Aquele pêndulo, representa a opressão, o ódio, o fascismo e tudo que a humanidade pode por em prática em nome da ordem e da moral. Um encontro sem sentido e contraditório em nome de uma paz e união de poucos.
Mas e o final?
O final, já sabemos, pois é o próprio torturado que nos conta a sua história. Vivo ele está, mas sua mente navega pela obscuridade. Como se livrar de tamanho sofrimento?
Poe, que escreveu o conto em 1842 usando como plano de fundo a inquisição espanhola, não saberia que o seu conto, tanto tempo depois, seria tão atual. O mundo caminha para trás e esse é o grande horror que o conto nos mostra.