Hitler, Bolsonaro e a confusão (proposital, talvez) da comunicação

Há alguns anos, em uma reunião de pessoas que eu não conhecia muito bem. Sabe aquelas situações em que você vai na casa do amigo do amigo e tal? Era isso. Lembro-me que rapidamente as pessoas se dividiram entre homens e mulheres. E vários estereótipos se encontravam ali, como se encontram em qualquer grupo de pessoas.

Em certa altura da pequena festa, quando alguns já tinham ido embora, as conversas, antes espalhadas em pequenos grupos e suas afinidades, começaram a ficar mais próximas e o inevitável assunto político começou.

Foi então que, de repente, ouviu-se a constatação: “mas o nazismo é de esquerda“. Um pequeno silêncio seguido de algumas gargalhadas percorreu o ambiente. Eu, que tinha acabado de fazer amizade com uma moça que nunca mais vi nos olhamos incrédulas. Era isso mesmo que tínhamos acabado de ouvir? Sim. E se não bastasse, o dono da fala insistiu em sua ideia com argumentos que me deu vontade de chorar – de desespero, de tristeza.

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Quando vejo notícias e compartilhamentos nas redes sociais sobre a postura daqueles que gostam dos ideais de direita, fico um pouco desconfiada, pois penso: será que eles realmente pensam assim? será que a esquerda não está exagerando? eles veem sentido mesmo nas falas de Olavo de Carvalho? onde eles estudaram? que livros leram? Essas e tantas outras perguntas eu me faço na tentativa de entender como que funciona a mente que abraça a burrice.

Mas naquela reunião, anterior ao caos político, social e ético em que nos encontramos vivenciei, sem saber, uma micro situação que explica o Brasil de agora.

O dono da fala sobre o nazismo ser de esquerda, era considerado um empreendedor. Tinha um negócio em ascensão, um iPhone comprado nos EUA sem pagar as taxas exigidas pela lei brasileira, e tudo mais que representa a classe média que pensa ser rica e esclarecida.

O fato é que, depois de diversas tentativas minhas e das outras pessoas de explicar para o cidadão empreendedor que não havia sentido algum em sua fala, a conversa mudou de assunto e, logo depois, todos foram para as suas casas.

Nas últimas semanas Bolsonaro e sua trupe reforçaram diversas asneiras sobre questões atuais e históricas do nosso país e do mundo. As frases “não houve ditadura no Brasil” e “Nazismo é de esquerda” estão entre os grandes absurdos deste governo que, de alguma forma, representam uma parte da população; representa o cara que conheci, que verbalizou um absurdo e se sentiu orgulhoso por isso.

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Nesta semana, publicaram trechos do livro de Hitler em que ele tira sarro daqueles que acreditavam que o nazismo era de esquerda:

“Quantas boas gargalhadas demos à custa desses idiotas e poltrões burgueses, nas suas tentativas de decifrarem o enigma da nossa origem, nossas intenções e nossa finalidade! A cor vermelha de nossos cartazes foi por nós escolhida, após reflexão exata e profunda, com o fito de excitar a esquerda, de revoltá-la e induzi-la a frequentar nossas assembleias; isso tudo nem que fosse só para nos permitir entrar em contato e falar com essa gente.”

“Nos anos de 1913 e 1914, expressei minha opinião pela primeira vez em vários círculos, alguns dos quais agora são defensores do movimento nacional socialista, de que o problema sobre como o futuro da nação alemã pode ser assegurado é o problema sobre como o marxismo pode ser exterminado”.

E por tantos motivos que talvez Freud explique, mesmo com Hitler, representante de um dos momentos mais horríveis da história da humanidade ter deixado em seu livro a sua ideia sobre esquerda, direita e extermínio, chamando claramente de idiota quem acredita que o nazismo é de esquerda. Mesmo com Bolsonaro, seus esquemas de fake news, seu apoio à tortura, sua incapacidade de discursas e debater, suas frases de senso comum e sua constante tentativa de mudar o passado em prol das suas ideias burras, ainda há aqueles que o defendem. Uma defesa pelo ódio à esquerda, ao Lula, ao PT, por ser achar parte da elite e tudo mais. Uma defesa para construir em si mesmo uma ideia patética de sabedoria vinda dos grupos de WhatsApp.

É duro escrever, mas quem apoia Bolsonaro possui o mesmo perfil daqueles que apoiaram Hitler. Fascistas.

Respostas de 2

  1. Eu apoio Bolsonaro e seu governo com ressalvas e não sou fascista! Você colocar tudo no mesmo saco é que é burrice. Não dá mais para ter uma metalinguagem, classificando as pessoas em duas ou três categorias! Isso já acabou! Agora, defender ladrão não defendo nunca! Seja ele quem for. O que aproxima Hitler de algumas ideias de esquerda é o que o partido dele fez com os jovens da época para que os mesmos aderissem aos ideais malucos do nazismo, é a questão do Estado controlador de tudo, como acontece no Brasil de agora! Vamos lutar pelo país e não por ideologias. Vamos deixar a inveja e o desprezo de lado. Lembre-se que o mais importante de tudo é ter caridade, sem caridade não há sociedade que dê certo. O que falhou até agora? É que as classes abastadas, os importantes do país, os governantes, quem tem o poder neste país sempre trabalhou só para si. Veja Padre Antonio Vieira no Sermão do Bom Ladrão! Era por volta de 1600 e estamos no século XIX e você defendendo ladrão? Céus. Sei que a elite despreza o pobre , mas quem é a elite? Todos aqueles que chegam ao poder econômico ou político, e pode ser alguém que era humilde. Este quando chega a se tornar elite pratica os mesmos atos imorais que a tal elite que vocês chamam como um ente que não muda não varia como se fossem sempre as mesmas pessoas! Vamos começar com cada um de nós! Por exemplo : a calçada em frente ao seus prédio. Como ela está? Ela é pública mas quem deve manter por Lei é o proprietário do lote fronteiro! Veja lá…vamos começar todos nós a deixarmos de ser “elite”!

  2. Querida, suas ideias estão tão confusas e suas conexões são tão malucas que só posso concluir que suas palavras representam mais uma face do fascismo.

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