Em Poemas Tardios será possível conhecer e reconhecer Margaret Atwood em composições poéticas lindas, comoventes e, acima de tudo, de uma originalidade encantadora.
Comecei a ler Poemas Tardios pensando um pouco nas minhas resoluções para 2023 sobre ler mais. Pois a verdade é que li muito pouco em 2023 e, a caminho da praia, resolvi que seria uma boa ler poemas durante as curvas da estrada. Eu fiz uma boa escolha, logo eu que sempre digo por aí que não gosto de poesias… Mas na verdade eu gosto muito de poesias: de quando ela são absurdamente boas!
A poesia que me incomoda é aquela que não diz muito, que se tornam apenas linhas quebradas num papel de modo a causar algum efeito moderno, mas que não diz nada. Costumo fazer um pequeno exercício: se eu juntar essa poesia (ruim) em uma única linha perde o efeito? Se perder e se tornar apenas uma frasesinha de impacto que combina para colocar abaixo de sua foto nas redes sociais, fico chateada. Mesmo. Como se eu visse um potencial de poesia – já que o autor escolheu escrevê-las isso já é um potencial – inacabado, perdido, sem rumo…. E é claro que o livro Poemas Tardios é exatamente o oposto de tudo isso!
Margaret Atwood é muito conhecida por conta de suas histórias de ficção científica, ou como ela mesmo gosta de chamar: ficção especulativa, porque ela investiga futuros sombrios para a humanidade a partir de realidades que já enfrentamos, como o caso de “O conto da Aia”, que constrói um país em que um trecho da Bíblia é usado para explicar a violência – em suas camadas mais absurdas e dolorosas – e o poder político.
Em seu livro de poesia, será possível conhecer e reconhecer Margaret Atwood em composições poéticas lindas, comoventes e, acima de tudo, de uma originalidade encantadora.
No prefácio da obra, a autora nos conta que esses poemas foram escritos há muito tempo, muitos ficaram engavetados, outros enviados para editoras – sem sucesso e outros ela se deu ao trabalho de resscrevê-los e dtilografá-los. Todos foram escritos entre 2008 a 2019.
O livro está dividido em 5 partes, cada qual representando temas que se constroem por si só e que também nos fazem reconhecer a mesma Margaret da prosa na poesia. E além dessa divisão por partes, ela faz uma construção belíssima entre a vida cotidiana de mulheres, jovens e adultos, os mistérios da vida (fadas, princesas, lobisomens, robôs, aliens…) e a natureza como um espaço que se amarra a esses outros temas de forma genial.
Os poemas não são padronizados, alguns mais longos, outros mais curtos. Não há rimas comuns e sobretudo não há o esperado. Suas poesias caminham no inesperado e isso é uma das coisas mais bonitas. Ao ler uma linha, a próxima irá te surpreender. E a próxima também…
Geralmente, em um livro de poesia é comum escolhermos alguns poemas que mais nos chamaram atenção, mas em Poemas Tardios isso não dá, pois todos são tão poderosos em suas significações que o leitor apenas precisa relaxar e curtir. Que livro!
“A poesia lida com o núcleo da existência humana: vida, morte, renovação, mudança; assim como bondade e maldade, injustiça e, às vezes, justiça. O mundo em toda a sua diversidade. O clima. O tempo. Tristeza. Alegria.”
Margaret Atwood (no prefácio de Poemas Tardios)
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