Um conto por ser apenas um convite. É assim que o conto O quarteto de cordas pode acontecer para o leitor. Publicado em 1921, propositalmente, a autora realizou um passeio à Londres para ouvir um quarteto de cordas e, assim, produzir um conto a partir dessa sua pequena experiência.

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    Mas como todo texto woolfiano, o comum se transforma em extraordinário pelo simples fato das suas palavras estarem tão bem colocadas, que transmitem uma beleza difícil de explicar, mas como diz James Wood no livro “Como funciona a ficção”, sentimo-nos mortificados com as frases da autora, sem conseguir explicar de onde vem essa comoção. (p. 152)

    Londres!

    “O quarteto de cordas” faz um convite para o leitor conhecer Londres e possui, assim como o conto Segunda ou Terça, a característica das impressões, como se fosse a pintura de um breve quadro, sendo riscado com lápis e poucas cores, mas que – como o efeito das sombras numa pintura – gera a profundidade exata para que tudo ali seja compreendido como deve ser, desde o cenário londrino que vai se formando aos breves diálogos do cotidiano de pessoas comuns.

    Acredito na inspiração mútua de Virginia Woolf e sua irmã Vanessa Bell (1879–1961), artisa plástica ligada ao pós-impressionismo. Em suas obras podemos ver esses elementos sendo construídos: a vida cotidiana um pouco desfocada, borrada, carregada de impressões tão particulares para quem vê.

    Um elemento impressionista

    A imagem abaixo é um retrato de Virginia Woolf. Quando olho essa imagem, sempre considero importante o rosto da autora estar tão desfocado e acredito que isso está muito ligado à própria obra da autora, por questões psicológicas (os seus personagens tão intensos e passando por situações tão profundas dentro de si) e também por questões de estilo, porque, podemos entender o fluxo de consciência como um elemento impressionista, que, no caso desse conto, navega rapidamente na alma da cidade, das pessoas, dos lugares e da música.

    Ler “O quarteto de cordas”, assim como tantos outros contos da autora é um convite para pensar na cidade e nas relações das pessoas com algo tão vivo e pulsante. A cidade de Londres, sempre considerada uma das principais cidades do mundo – e todo o seu caos e beleza – contrapõe lindamente com a brevidade apresentada no conto, que nos leva a pequenos detalhes de cotidianos que mal conhecemos, mas nos identificamos.

    Veja o vídeo sobre o conto “O quarteto de cordas” no canal Livro&Café


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