O segundo conto do livro “O livro de areia” chama-se Ulrica. É sobre um cotidiano muito simples, de um homem que se apaixona e vive uma noite de amor. Este homem – o narrador, Borges, eu ou você, percebe nas entrelinhas a beleza e a tragédia da vida e por isso, informa o quanto é importante relatar a sua história, mesmo tão simples.

    Ulrica - conto presente na obra "O livro de areia"

    Porém, conforme o conto vai ganhando formas, o cenário aparece, a ação aparece, a sensação de que algo vai acontecer chega e deixa o leitor – que parece tão íntimo do narrador, curioso e confortável como se, sentado em uma poltrona confortável, conversasse com um grande amigo.

    O fantástico em Borges?

    “Como areia, escoava o tempo.” (p. 19)

    Mas, aprendi neste segundo conto, Ulrica, que ler Borges é ler também o fantástico e o absurdo, porém, na mesma proporção que dois prédios espelhados numa grande e comum cidade. Lá dentro pode haver diferenças, não pelos móveis ou objetos, mas pelas pessoas – não por suas profissões ou escolhas no canal de tv, mas por seus sonhos e pesadelos. Não pesadelos que invocam algo maligno como nos clássicos filmes de terror, mas aquele medo de perder algo muito especial. De ver a paixão e o amor escapar pelas mãos. E vem a angústia e o desconforto. É isso o fantástico em Borges, por isso ele pode ser ao mesmo tempo assustador e reconfortante, porque sua epifania é ainda é sobre o que pode acontecer com todos nós.

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