Ariano Suassuna (1927 – 2014) é um dos escritores brasileiros que mais colocou em evidência o povo nordestino e o sertão. A partir das histórias populares, dos inúmeros cordéis, o autor fez um rico registro das dores e alegrias do nordeste brasileiro. O livro “Uma mulher vestida de sol” é a primeira peça de teatro escrita pelo autor e foi lançada em 1947, quando também foi premiada.

    uma mulher vestida de sol

    Um crítico do autor, chamado Hermilo Borba Filho, escreveu que “o Nordeste encontrou em Suassuna o seu poeta dramático mais capacitado para transformar em termos de teatro os seus conflitos e as suas tragédias.” Acrescento, humildemente, que não apenas nos termos do teatro, mas em toda a literatura brasileira.

    A obra, que conta a história de duas famílias vizinhas que brigam por suas terras, representa o início de um trabalho árduo em busca da identidade de um povo, mas que também representa o mundo inteiro.

    “Pobreza, fome, seca, fadiga, o amor e o sangue, a possessão das terras, as lutas pelas cabras e pelos carneiros, a guerra e a morte, tudo o que é elementar no homem está presente nesta terra perdida.” (p. 40)

    As famílias, compostas por homens que brigam pelo lugar adequado da cerca que divide suas terras e mulheres que ficam em segundo plano na história, é algo típico à época e, podemos imaginar, uma realidade ainda presente em muitas famílias. Dos dois homens – líderes de suas casa, um deles é considerado o mais rancoroso, pois não se importa com nada, a não ser ganhar essa briga.

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    E, algo muito comum a essas histórias tradicionais, a nova geração das famílias não estão se importante muito com a briga pelas terras e acontece, então, um romance shakesperiano: o filho e a filha das famílias inimigas se apaixonam perdidamente. E se não bastasse, mais crimes acontecem por conta da fúria dos homens – que precisam a todo tempo provar suas masculinidades.

    O título – Uma mulher vestida de sol – o leitor vai perceber no final. Sabemos que Suassuna era um autor muito ligado ao catolicismo e, a partir de um trecho do Apocalipse, a peça se encerra e se explica. É uma história de violência, de banalidades do ser humano, mas também de toda a dor e transformação silenciosa, da vida, das mulheres e de um certo tipo de fé. Ou seja, ler Ariano Suassuna é viajar até o sertão.

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