Terra de Casas Vazias é um romance de André de Leones, escritor brasileiro com diversos livros publicados pela Editora Rocco. Com trinta e poucos anos, o escritor nascido em Goiânia já ganhou o Prêmio Sesc de Literatura.

    Em Terra de Casas Vazias, o próprio autor, no início de cada capítulo, desvenda para o leitor quem são os personagens que ele vai narrar. São 5 partes e cada uma delas com personagens diferentes, mas que cativam por diversos fatores, porém com um ingrediente em comum: a perda, o vazio. Ou seja, cada personagem é uma terra de casas vazias porque há um buraco, que fica muito bem evidenciado nos diálogos entre eles.

    Em certo momento, por me distrair com a leitura – que flui com facilidade – duvidei que os personagens (diferentes em cada capítulo) iriam ter um encontro, que, de alguma forma, eles eram próximos, afinal isso seria necessário, já que o livro é classificado como romance. Fui surpreendida e fiquei feliz por isso. As histórias são tão cativantes, tão curiosas, que mergulhamos naquelas linhas e esquecemos dos avisos que o escritor colocou na “porta de entrada” de cada capítulo.

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    André de Leones utiliza frases curtas, com repetições de palavras, que se intercalam nos significados e revelam o personagem como se fosse uma costura à mão que, para ganhar mais resistência é preciso fazer o primeiro ponto e retornar um pouco para só depois partir para o próximo, parecem teias que vão e vem para serem mais fortes (e fica um vazio bonito ali).

    Reparem nas repetições abaixo, reveladas pelo próprio texto como “ligações que tecia”. Após a primeira leitura completa da frase, leia as palavras grifadas, que se repetem, e perceba o ritmo.

    Teresa olhou para o palco. Não parecia enciumada, mas, sim, alguém interpretando uma pessoa enciumada. O palco estava vazio agora. Os músicos faziam uma pausa. O palco vazio lembrava o quarto vazio em casa. A obviedade disso. A obviedade das ligações que tecia, isso levando à aquilo, tudo extremamente cansativo. Os instrumentos deixados no palco, em desuso, os móveis em desuso no quarto, deixados por ele quando. Todas as coisas acumulando poeira.

    (p. 59)

    Todo o livro é mantido nesse ritmo bonito, que não acelera, nem enrola, no ponto exato para as mais de trezentas páginas passarem com suavidade sobre as dores da perda, sobre o que será possível fazer quando as casas estão tão vazias.

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