Um escritor é feito de todos os livros que ele leu, de sua criatividade, inteligência e, claro, daquela coisa mística e misteriosa que faz o escritor querer ser escritor, o músico ser músico, o padeiro ser padeiro, o cozinheiro ser cozinheiro, etc. e tal.

Funciona assim: o cozinheiro lê as receitas, houve conselhos, ama cheiros, temperos e seus olhos lacrimejam quando ele vê uma cozinha completa, grande, com todos os utensílios necessários e imagináveis, facas afiadas, por exemplo. Assim também é o escritor: uma folha branca o emociona, uma boa caneta é fundamental, um notebook salva a vida e os grandes escritores ensinam ele a chegar lá.

Uma viagem por experiências literárias

Marcos Mantovani está percorrendo este caminho muito bem. Seu livro de crônicas Sala de Embarque, da editora Belas Letras, está repleto de boas referências literárias: Jack Kerouac, T.S Eliot, James Joyce, Ernest Hemingway, Jack London, Guimarães Rosa e outros. Lá ele pincela assuntos de seu dia a dia com simplicidade e perspicácia.

O livro está dividido em duas partes: “Viagem, arte e literatura” e “Comportamento e Flerte”. Como os nomes sugerem, as crônicas de Marcos Mantovanni mergulham nesses temas e muitas delas usam como plano de fundo a Itália, pois ele viveu nas cidades de Acoli Piceno, Verona, Velletri e Nápoles por cinco anos. A construção da narrativa é feita através de seus passeios urbanos, sua casa, seus vizinhos , tudo com muita sutileza, alegria e verdade.

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Hoje ele mora aqui no Brasil, em Caxias do Sul – RS. Já foi jogador de futsal, é professor de inglês e está terminando um curso superior em Relações Públicas, mantém o blog Texto Breve e também pode ser lido em @mantovanimarcos.

Não tenho nada contra coachs entusiásticos que balançam auditórios e escrevem livros de fórmulas. Esses caras têm boas intenções, não há dúvida. Particularmente, prefiro achar equilíbrio e dar um up no entusiasmo através de outros meios, sei lá, com uma intrigante ficção em prosa para bambolear o casco, por exemplo. Confesso: já tentei driblar certas dificuldades com energia efêmera e riso receitado, mas não tive êxito. Hoje, ao invés de uma motivação instantânea, bombástica e tresloucada, eu prefiro uma lucidez sem sorrisos.

Marcos Mantovani, “Sala de embarque”, p. 70.

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