Um escritor é feito de todos os livros que ele leu, de sua criatividade, inteligência e, claro, daquela coisa mística e misteriosa que faz o escritor querer ser escritor, o músico ser músico, o padeiro ser padeiro, o cozinheiro ser cozinheiro, etc. e tal.
Funciona assim: o cozinheiro lê as receitas, houve conselhos, ama cheiros, temperos e seus olhos lacrimejam quando ele vê uma cozinha completa, grande, com todos os utensílios necessários e imagináveis, facas afiadas, por exemplo. Assim também é o escritor: uma folha branca o emociona, uma boa caneta é fundamental, um notebook salva a vida e os grandes escritores ensinam ele a chegar lá.
![](https://livroecafe.com/wp-content/uploads/2024/06/sala-de.jpg)
Uma viagem por experiências literárias
Marcos Mantovani está percorrendo este caminho muito bem. Seu livro de crônicas Sala de Embarque, da editora Belas Letras, está repleto de boas referências literárias: Jack Kerouac, T.S Eliot, James Joyce, Ernest Hemingway, Jack London, Guimarães Rosa e outros. Lá ele pincela assuntos de seu dia a dia com simplicidade e perspicácia.
O livro está dividido em duas partes: “Viagem, arte e literatura” e “Comportamento e Flerte”. Como os nomes sugerem, as crônicas de Marcos Mantovanni mergulham nesses temas e muitas delas usam como plano de fundo a Itália, pois ele viveu nas cidades de Acoli Piceno, Verona, Velletri e Nápoles por cinco anos. A construção da narrativa é feita através de seus passeios urbanos, sua casa, seus vizinhos , tudo com muita sutileza, alegria e verdade.
Leia mais >> 10 escritores brasileiros contemporâneos para conhecer já
Hoje ele mora aqui no Brasil, em Caxias do Sul – RS. Já foi jogador de futsal, é professor de inglês e está terminando um curso superior em Relações Públicas, mantém o blog Texto Breve e também pode ser lido em @mantovanimarcos.
Não tenho nada contra coachs entusiásticos que balançam auditórios e escrevem livros de fórmulas. Esses caras têm boas intenções, não há dúvida. Particularmente, prefiro achar equilíbrio e dar um up no entusiasmo através de outros meios, sei lá, com uma intrigante ficção em prosa para bambolear o casco, por exemplo. Confesso: já tentei driblar certas dificuldades com energia efêmera e riso receitado, mas não tive êxito. Hoje, ao invés de uma motivação instantânea, bombástica e tresloucada, eu prefiro uma lucidez sem sorrisos.
Marcos Mantovani, “Sala de embarque”, p. 70.